ATA DA SEXAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 26.08.1998.
Aos vinte e seis dias do mês de agosto do ano de mil
novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi
efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cláudio
Sebenelo, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel,
João Dib, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo
Leal, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a
Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio
Losada, Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz, Elói Guimarães, Fernando Záchia,
Hélio Corbellini, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Maria do Rosário, Nereu
D'Ávila, Pedro Ruas e Sônia Santos. Constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Sexagésima Segunda
Sessão Ordinária, que foi aprovada, juntamente com as Atas das Qüinquagésima
Sétima, Qüinquagésima Oitava, Qüinquagésima Nona, Sexagésima e Sexagésima
Primeira Sessões Ordinárias e das Vigésima Quarta e Vigésima Quinta Sessões
Solenes. À MESA foram encaminhados: pela Mesa Diretora, o Projeto de Resolução
nº 35/98 (Processo nº 2520/98); pelo Vereador João Batista Pirulito, 01 Pedido
de Providências; pelo Vereador Renato Guimarães, o Substitutivo nº 02 ao
Projeto de Lei do Legislativo nº 34/98 (Processo nº 902/98). Do EXPEDIENTE
constaram: Ofício nº 71/98, do Senhor Relindo Schlegel, Presidente da
Associação Brasileira de Servidores de Câmaras Municipais - ABRASCAM. Após, o
Senhor Presidente registrou que não se encontravam presentes representantes do
Instituto Metodista de Educação e Cultura - IMEC, entidade inscrita para ocupar
o período de Tribuna Popular nesta Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Pedro Américo Leal comentou matéria publicada na edição de hoje do Jornal Zero
Hora, a qual tem por objeto declarações prestadas pelo Senhor Raul Pont ao
jornal francês “Le Mond Diplomatique”, referentes à dinâmica operacional do
Orçamento Participativo em Porto Alegre, criticando a forma como o trabalho
deste Legislativo foi abordado pelo Senhor Prefeito Municipal. A seguir, foi
apregoado Requerimento da Vereadora Sônia Santos, solicitando, nos termos do §
6º do artigo 218 do Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para o Vereador
Eliseu Sabino, no período de vinte e seis a trinta de agosto do corrente, tendo
o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Jocelin
Azambuja, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação,
Cultura e Esportes. Também, foi apregoado Requerimento da Vereadora Clênia
Maranhão, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o
Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Sebastião Melo,
informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e
Esportes. Na oportunidade, a Vereadora Maria do Rosário formulou Requerimento
verbal, solicitando maior observância dos tempos regimentais para
pronunciamento dos Senhores Vereadores. Em prosseguimento, o Senhor Presidente
registrou o comparecimento do Senhor Rogério Favreto, Procurador-Geral do
Município de Porto Alegre, convidando-o a integrar a Mesa dos trabalhos e
concedendo a palavra à Sua Senhoria, que procedeu à divulgação do "XXIV
Encontro Nacional de Procuradores Municipais - O Município diante das Reformas Constitucionais",
a ser realizado entre os dias sete e onze de setembro do corrente, na
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, o Vereador
Gerson Almeida formulou Requerimento verbal, solicitando informações acerca das
obras de reforma que vêm sendo realizadas nos jardins internos desta Câmara.
Também, face à Questão de Ordem suscitada pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, o
Senhor Presidente prestou informações a respeito do inciso III do artigo 216 do
Regimento. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Vereador Luiz Braz teceu
considerações a respeito da reformulação paisagística dos jardins internos
deste Legislativo, afirmando que todos os procedimentos referentes a essa obra
foram realizados de acordo com a legislação ambiental ora em vigor. Ainda,
salientou que a Secretaria Municipal do Meio Ambiente - SMAM, embora acionada,
não atendeu às solicitações da Presidência da Casa para a realização de
inspeção técnica no local da reforma referida. Também, convidou a todos os
Senhores Vereadores para conferência do Senhor Thomas Skidmore, a ser realizado
no dia vinte e oito de agosto do corrente, no Plenário Otávio Rocha, tendo como
tema "A Construção do Brasil". Na oportunidade, o Vereador Gerson
Almeida formulou Requerimento verbal solicitando cópias da documentação
referente ao processo de reformulação paisagística dos jardins internos deste
Legislativo, tendo o senhor Presidente determinado o encaminhamento por escrito
de tal solicitação. Às quatorze horas e quarenta e oito minutos, o Senhor Presidente
declarou suspensos os trabalhos, nos termos regimentais, tendo os mesmos sido
retomados às quatorze horas e cinqüenta e nove minutos, constatada a existência
de "quorum". A seguir, o Vereador João Dib formulou Requerimento
verbal, solicitando oitiva da Comissão de Constituição e Justiça a respeito da
legalidade de Decreto expedido pelo Executivo Municipal, dia vinte e um de
agosto do corrente, determinando a derrubada de árvore protegida por lei. Após,
foram apregoados Requerimentos dos Vereadores José Valdir e João Motta,
solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor
Presidente declarado empossados na vereança os Suplentes Cyro Martini, em
substituição ao Vereador José Valdir, e Maristela Maffei, em substituição ao
Vereador João Motta, informando que Suas Excelências integrarão,
respectivamente, as Comissões de Educação, Cultura e Esportes e de Constituição
e Justiça. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D'Ávila, reportando-se ao
pronunciamento efetuado pelo Vereador Fernando Záchia, durante a Sexagésima
Quarta Sessão Ordinária, criticou as declarações prestadas pelo Senhor Prefeito
Municipal ao jornal francês “Le Mond Diplomatique”, afirmando que o posicionamento
externado por Sua Excelência na entrevista em questão relega o Poder
Legislativo a um nível hierárquico inferior, o que não corresponde à realidade.
O Vereador Cláudio Sebenelo manifestou sua contrariedade às alegações do Senhor
Prefeito Municipal, publicadas no jornal francês “Le Mond Diplomatique”, acerca
das relações mantidas entre os Poderes Executivo e Legislativo no Município de
Porto Alegre, ressaltando a legitimidade conferida pelo voto popular aos
membros deste Parlamento, para a fiscalização das funções públicas exercidas
pelo Poder Executivo. Na oportunidade, a Vereadora Maria do Rosário formulou
Requerimento verbal solicitando fossem retirados dos Anais da Casa expressões
utilizadas pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, durante seu pronunciamento em
Comunicação de Líder, acima referido, e João Dib, em discurso proferido durante
a Sexagésima Quarta Sessão Ordinária, tendo os Vereadores Cláudio Sebenelo e
João Dib manifestado-se a respeito. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Fernando Záchia procedeu à leitura de trechos da entrevista concedida pelo
Senhor Prefeito Municipal ao jornal francês “Le Mond Diplomatique”, analisando
aspectos referentes à dinâmica operacional do Orçamento Participativo e
repelindo as declarações prestadas por Sua Excelência na referida entrevista,
em especial a de que "os Vereadores deveriam aproveitar as críticas da
população e repensar o Legislativo". O Vereador Luiz Braz, ao referir-se à
entrevista concedida pelo Senhor Prefeito Municipal ao jornal francês “Le Mond
Diplomatique”, teceu críticas às declarações prestadas por Sua Excelência,
afirmando que tal atitude configurou uma "tentativa de
desmoralização" da Câmara Municipal de Porto Alegre, em função de uma
excessiva valorização do programa de Orçamento Participativo em detrimento das
atividades legislativas e fiscalizadoras realizadas por esta Casa. A seguir, o
Senhor Presidente apregoou Requerimento da Vereadora Maria do Rosário,
solicitando, nos termos do § 6º do artigo 218 do Regimento, Licença para
Tratamento de Saúde para o Vereador Décio Schauren, para o dia vinte e cinco de
agosto do corrente. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 04/98, discutido pelos Vereadores
João Dib e Renato Guimarães, o Projeto de Lei do Legislativo nº 119/98; em 2ª
Sessão, o Projeto de Resolução nº 32/98, discutido pelos Vereadores Renato
Guimarães e Paulo Brum; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 14/98, discutido pelo Vereador Renato Guimarães, o Projeto de
Lei do Legislativo nº 113/98, discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol, os
Projetos de Lei do Legislativo nºs 117, 118 e 115/98, este discutido pelo
Vereador Cláudio Sebenelo. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença
do Vereador Íbaro Rodrigues, da Câmara Municipal de São Borja/RS. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, a Vereadora Maria do Rosário teceu considerações acerca da entrevista
concedida pelo Senhor Prefeito Municipal ao jornal francês “Le Mond
Diplomatique”. Também, procedeu à análise do papel institucional desempenhado
pelo Poder Legislativo no atual cenário democrático brasileiro, defendendo o
programa de Orçamento Participativo executado pela Prefeitura Municipal de
Porto Alegre. O Vereador Carlos Garcia manifestou-se contrariamente às
declarações prestadas pelo Senhor Prefeito Municipal ao jornal francês “Le Mond
Diplomatique”, questionando aspectos relativos à operacionalidade do programa
de Orçamento Participativo ora implantado na Cidade e salientando a importância
da manutenção dos princípios básicos de harmonia, soberania e independência
entre os Poderes Executivo e Legislativo. O Vereador Reginaldo Pujol, ao
reportar-se a artigo publicado no jornal francês “Le Mond Diplomatique”,
destacou a necessidade de discussão, neste Legislativo, das práticas políticas
adotadas no intuito de promover a gestão racional dos recursos públicos em
benefício de toda a sociedade. Ainda, comentou aspectos de ordem técnica
referentes à estrutura e execução do programa de Orçamento Participativo. O
Vereador Lauro Hagemann discorreu a respeito da repercussão da notícia
veiculada pelo jornal francês “Le Mond Diplomatique”, na qual o Senhor Prefeito
Municipal analisa o funcionamento do Orçamento Participativo em Porto Alegre,
historiando fatos relativos à implantação e execução deste programa na Cidade e
destacando aspectos da atual estrutura política vigente no País, fundamentada
no sistema democrático de representatividade popular. Às dezesseis horas e
trinta minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados
às dezesseis horas e trinta e um minutos, constatada a existência de
"quorum", iniciando-se a ORDEM DO DIA. Às dezesseis horas e trinta e
cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
dezesseis horas e trinta e oito minutos, constatada a existência de "quorum".
Após, foi aprovado Requerimento verbal da Vereadora Maria do Rosário,
solicitando alteração na ordem de votação da matéria a ser apreciada durante a
Ordem do Dia. Em Votação Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo
nº 31/98, por vinte e oito votos SIM, tendo votado os Vereadores Adeli Sell,
Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz,
Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme
Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Juarez
Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro
Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Tereza Franco, Cyro Martini, Jocelin
Azambuja, Maristela Maffei e Sebastião Melo e tendo apresentado Declaração de
Voto os Vereadores Maria do Rosário, Juarez Pinheiro e Maristela Maffei. Em
Votação Nominal, esteve o Projeto de Resolução nº 11/98 que, após ser
encaminhado à votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Jocelin Azambuja e Maria
do Rosário, deixou de ser votado face à inexistência de "quorum"
deliberativo. Na oportunidade, os trabalhos estiveram regimentalmente suspensos,
das dezesseis horas e cinqüenta e quatro minutos às dezesseis horas e cinqüenta
e cinco minutos e das dezessete horas e oito minutos às dezessete horas e nove
minutos. Também, face às manifestações dos Vereadores Jocelin Azambuja e Maria
do Rosário, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do andamento dos
trabalhos da presente Sessão. Às dezessete horas e dez minutos, constatada a
inexistência de "quorum" deliberativo, o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz, e Juarez Pinheiro e secretariados
pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Reginaldo Pujol. Do que eu,
Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Não se encontram presentes os
representantes do Instituto Metodista de Educação e Cultura, o IMEC, que
participariam da Tribuna Popular do dia de hoje.
Com
a palavra o Ver. Pedro Américo Leal, para uma Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu fui
um daqueles Vereadores que veio à tribuna defender a viagem do Prefeito a
Saint-Denis. Faria outra vez, pois uma autoridade deve ser prestigiada e não
pode deixar de receber todas as reverências daqueles que o circundam; aprendi
isso na caserna.
Todavia,
o Sr. Prefeito me decepcionou. Levei dois dias para me orientar. Li a matéria
para ver se era verdade, investiguei, procurei ler em detalhes, porque não
podia vir à tribuna para acusar ou criticar o Prefeito apenas por um
diletantismo. Mas o Sr. Prefeito foi muito infeliz. Não poderia ter feito isso.
Foi a uma cidade que é governada por comunistas, eu sabia disso quando fiz a
proposição para que ele viajasse. Mas pouco me interessava isso, era o Prefeito
que pedia e eu pensava que ele deveria ir. Muito bem, sou um homem de direita,
mas defendi o livre trânsito, na época, para o nosso Prefeito.
Não
esperava, na verdade, que sendo eu um dos trinta e três Vereadores, ele se
voltasse contra o elenco desta Casa. Fez alusões, desmerecendo esta Câmara e
todos os seus representantes a troco de nada! Por que ele fez isso? Ele não
podia fazer isso! Ele nos atraiçoou, ele nos espetou uma faca pelas costas. Ele
não podia fazer isso! Na caserna não perdoamos aqueles que nos decepcionam,
talvez até nos traindo.
Sua
Excelência não é um democrata! Vou provar que não é um democrata. Por quê?
Porque não se portou como tal.
Hoje,
numa demonstração de maldade política, reclama a existência de apenas dois
Poderes para Porto Alegre. Como o Prefeito de Porto Alegre pode reclamar?
Jogando para o lixo Montesquieu e todo o pós-iluminismo? Contrariando a
democracia em sua essência? Dois Poderes. O Poder Legislativo ele desprezou.
Mas como? Se o Poder Legislativo é o primeiro Poder a ser citado na
Constituição? Escutem: “A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos estados, municípios e do Distrito Federal, constitui-se um
Estado democrático de direito e tem como fundamentos a soberania...” “...todo
poder emana do povo, e são Poderes independentes e harmônicos entre si: o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. O Legislativo é a essência da
democracia. É um homem de direita que está dizendo isso! Como é que um homem do
PT tem a arrogância de sugerir que se elimine um dos Poderes, que é o Poder
Legislativo. Foi o que ele fez, ele sugeriu que se eliminasse o Poder
Legislativo. Mas onde estava o Prefeito, onde estava o PT? O PT deve estar e
tem que estar, revoltado, calado, mas revoltado. Para isso, ele levantou um
elemento estapafúrdio, declarou: “Como conciliar a democracia participativa com
a democracia representativa?” Mas que mania tem esse pessoal de vir com
democracia participativa. Não existe isso. Nas democracias só existe as
representativas. Que sonho é esse? Que idiotice é essa de democracia
participativa? De que saco tiraram isso? Isso são elucubrações. Não existe.
(Lê.) “São Poderes harmoniosos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”
E o que é a Câmara? É o Poder Legislativo desta Cidade e ele sugeriu que a
Câmara dispute o poder, esse Poder Legislativo, com uma coisa, um entulho que
fizeram aí, o Orçamento Participativo. Não tomo conhecimento disso porque o
Orçamento Participativo pertence ao Executivo. O que temos que ver com isso?
Estamos dando muita confiança para esse tal de Orçamento Participativo, ele não
existe. Para nós, não existe. Existe para o Executivo que resolveu, em dado
momento, pegar parte do seu orçamento e dar um dispositivo de participação de
segmentos da sociedade. Muito bem. Podem fazer isso, é um direito que assiste
ao Executivo, é uma coisa do Executivo.
O
Orçamento Participativo pertence ao Executivo. Vamos deixar isso claro. Não é
nosso, não temos nada que ver com isso, não disputamos área, é um entulho, é
uma improvisação. Não tomo conhecimento do Orçamento Participativo, nunca
tomei. E se o chamei de plano diabólico foi porque, para se desvencilhar, o
Prefeito - num artifício de cálculo - dos pedidos dos Vereadores, manda que os
Vereadores entrem no Orçamento Participativo para fazerem qualquer sugestão ou
qualquer pedido. E os Vereadores se fecharam em copas e resolvem não bater à
porta do Prefeito. Mas a Câmara nada tem a ver com isso. O Orçamento Participativo
é do Executivo. Os Vereadores do PT parecem não me ouvir, porque não querem! V.
Exas. se convençam que o Orçamento Participativo é do Executivo e nós não temos
nada a ver com isso, não disputamos área com o Orçamento Participativo, com
esse entulho que o Prefeito inventou!
Eu quero deixar claro, de
uma vez por todas: não temos nada a ver com isso. O Orçamento Participativo, o
Prefeito que faça o que quiser; vinte mil pessoas, Plenárias, sei lá o quê.
Faça o que quiser. É uma forma de governar do Executivo. É dele, nada tem a ver
com a Câmara. Todavia, ele foi muito infeliz quando comparou à Câmara
Municipal, que quando vota, vota com muito mais expressão do que o Prefeito.
Nós temos um total de votos, aqui, superior ao Prefeito. O Prefeito faz um determinado
número de votos. O Ver. João Dib me auxilie. O Prefeito faz 54%, e nós, 100%.
Como é que vamos disputar a área inventada pelo Prefeito, em péssima hora? Os
Vereadores do PT não têm como explicar essa arrogância do Prefeito. Essa
infeliz entrevista que ele deu revoltou-me. Eu li e reli durante várias horas
para poder entender, para saber se eu estava lendo com raiva, com animosidade,
mas depois despertei.
Na realidade, foi uma
afronta que o Prefeito fez, depois de ser viabilizada a sua viagem, inclusive
por mim. Traiu-me. Pior ainda, teve tempo de raciocinar ida e volta e deu a
entrevista, aqui. Nós não podemos dar mais importância para o Orçamento
Participativo, é uma atrapalhação de vinte mil asseclas.
Tenho a impressão que um
Vereador daqui vai apresentar uma Moção de Repúdio, e eu vou assinar. Isso
revoltou esta Casa, a mim revoltou demais. Nós não merecemos isso. Vamos
disputar a área com vinte mil camaradas que se reuniram em Porto Alegre e
intitularam como Orçamento Participativo, e daí? Um bando de interessados, o
que eu tenho a ver com isso? Eu não tenho nada a ver com isso. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Eliseu Sabino solicita Licença
para Tratamento de Saúde no período de 26 a 30 de agosto de 1998.
A
Vera. Clênia Maranhão solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje.
(Obs.:
Foram apregoados os Requerimentos de licença dos Vers. Eliseu Sabino e Clênia
Maranhão e empossados os Suplentes, conforme consta na Ata.)
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que, no caso de
utilização do tempo de Comunicação de Líder e outros tempos, se o orador
permanecer na tribuna de forma anti-regimental, V. Exa. possa contar o tempo no
cronômetro, de forma que nós tivéssemos um tratamento isonômico. Não há
qualquer contestação desta Vereadora, não poderia haver, sobre o conteúdo do
pronunciamento de qualquer orador, mas de qualquer forma, sobre a utilização do
tempo porque procuramos ser rigorosos com o tempo que temos regimentalmente
para nosso uso.
O SR. PRESIDENTE: Vereadora, a Presidência chamou a
atenção do Vereador que estava na tribuna tão logo esgotou o tempo regimental
marcado pelo relógio, e o Vereador, de maneira anti-regimental, permaneceu na
tribuna.
A
Presidência não vai permitir que nenhum Vereador permaneça por mais tempo do
que o regimental na tribuna, nós vamos tomar a atitude de cortar o som do
microfone, se não houver o atendimento à Presidência.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, que seja para todos os
Vereadores.
O SR. PRESIDENTE: Para todos os Vereadores e Vereadoras.
Srs. Vereadores, hoje temos aqui conosco o Sr. Rogério Favreto,
Procurador-Geral do Município, que veio divulgar o “XXIV Encontro Nacional de
Procuradores Municipais - O Município diante das Reformas Constitucionais”, na
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, na data de 7 a 11 de
setembro do corrente. De imediato eu passo a palavra ao Rogério Favreto para
que ele possa informar o Plenário sobre os dados desse Encontro.
O SR. ROGÉRIO FAVRETO: Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz, Srs.
Vereadores, Ver. Juarez Pinheiro, que agendou essa oportunidade para
divulgarmos aqui esse evento, promovido pelo Município, através da
Procuradoria-Geral do Município, tenho apenas a intenção de informar os
Vereadores desta Casa sobre a importância desse evento que está sendo promovido
pelo Município de Porto Alegre em parceria com o Instituto Brasileiro de
Direito Municipal. Trata-se de um evento de tradição nacional e já vem na sua
24ª edição. Obviamente que é um evento direcionado mais à categoria dos
operadores do Direito no Município, procuradores, assessores, advogados em
geral, entretanto, trata-se de evento que sempre conta com participação de
administradores públicos, servidores, secretários, Vereadores, membros de todos
os poderes, Poder Judiciário, juízes e promotores.
E
a nossa preocupação, neste momento, é que esse evento seja um espaço,
justamente, para discutirmos os problemas, as novas atribuições que estão sendo
alçadas aos municípios. Por isso a chamada central já coloca em discussão o
município diante das Reformas Constitucionais. Estamos diante da Reforma
Administrativa recém-publicada e em vigor, estamos na iminência de uma Reforma
Tributária, de uma Reforma Previdenciária e os municípios têm que se preparar
para isso, do ponto de vista de serem atores, sujeitos ativos na defesa dos
interesses do município. Esse o sentido que esse encontro vai procurar, além de
discutir esses temas da Reforma Administrativa, da Reforma Tributária, Municipalização
do Trânsito, o papel do município no contexto internacional, já que essas
reformas, inclusive, abalam a estrutura tributária, com isso ferindo a
autonomia e a própria independência dos municípios e também dos estados.
Também vamos discutir alternativas de gestão da administração pública, onde, através da discussão jurídica, da troca de experiência e da contribuição de palestrantes de todo País, com cerca de dezenove palestrantes do norte do Estado, do centro do País e, inclusive, um membro do Tribunal de Justiça da Argentina, da Terra del Fuego, para que, nesse debate, possamos dirimir dúvidas, engrandecer nossos conhecimentos e, ao mesmo tempo, discutir e apontar orientações jurídicas para os administradores públicos na defesa dos interesses do município.
O
encontro vai culminar com uma Carta de Porto Alegre, que deverá retratar
diretrizes gerais que busquem, de acordo com esses temas, a defesa dos
interesses dos municípios.
Gostaria,
antecipadamente, de fazer o convite formal – o material está sendo divulgado –,
convidar a todos os Srs. Vereadores. Esse é o sentido que nos traz a esta Casa,
convidar a todos a participarem da abertura e das demais atividades que
ocorrerão no dia 7 de setembro, às 19h, onde terá uma solenidade de abertura
com a presença do Sr. Prefeito; às 20h, haverá uma conferência de abertura com
o Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, sobre o Estado Democrático de Direito
na atual conjuntura e, logo após, um coquetel de confraternização. E, a partir
dos dias 8, 9 e 10, serão apresentados trabalhos científicos sobre a matéria
que está arrolada no folder onde está
toda a programação.
Gostaria
de sublinhar este convite a todos os Vereadores desta Casa, que nos honrarão
muito com as suas presenças, tanto na abertura como nos demais painéis, o qual,
na seqüência, receberão os convites formais.
Para
encerrar digo que, além da parceria com o Instituto Brasileiro de Direito
Municipal, que é um dos únicos institutos que trabalha a questão do Direito
Municipal, nós vamos, também, contar, neste encontro, com trabalhos jurídicos e
teses de advogados e procuradores dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário que serão selecionados e premiados. O evento, inclusive, terá,
depois, um caderno que retratará toda a discussão do mesmo e que será remetido,
juntamente com a carta, às autoridades e entidades do País, buscando criar mais
um espaço de defesa dos interesses do município.
Eu
gostaria de agradecer a cedência desse espaço para divulgar esse encontro que
contará, certamente, com a presença de em torno de quinhentos participantes de
todo o País, e que os Vereadores fossem também porta-vozes dessa atividade, que
não é só da Procuradoria mas, sim, do Município de Porto Alegre, já que vamos
sediar um evento de caráter nacional.
Eu
agradeço a atenção e reitero o convite aos Vereadores para participarem do
evento. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos agradecer aqui a presença do
Sr. Rogério Favreto, Procurador-Geral do Município, e dizer que nesta cerimônia
de abertura, no dia 7 de setembro, à noite, valerá a pena o comparecimento de
todos, também para ouvir Celso Antônio Bandeira de Mello, que é realmente um
dos maiores conhecedores do Direito Administrativo que temos no País, o qual,
tenho certeza, irá nos enriquecer muito com a sua presença.
Agradeço
a presença de V. Sa. e tenho certeza absoluta de que os Vereadores vão querer
participar para tomar conhecimento de tudo aquilo que acontecer dentro desse
XXIV Encontro Nacional de Procuradores Municipais.
O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Sr. Presidente, ontem, ao chegar na
Câmara de Vereadores, constatei um corte generalizado das árvores no jardim
interno da nossa Casa.
Procurei
o senhor responsável pelas obras da Casa, que me informou que aquilo teria sido
resultado de um estudo paisagístico feito. Não tenho conhecimento, nem pretendo
discutir o seu mérito, no entanto, somos sabedores - não sei se a Presidência
da Mesa tinha conhecimento dessa situação - de que há uma lei municipal que
protege 100% da arborização dentro do município e nós, Vereadores, somos
zelosos com essa lei e, segundo me foi informado, não houve laudo técnico de
pessoa habilitada para justificar ou autorizar a poda das árvores.
Então,
o meu Requerimento é no sentido de que sejamos informados sobre essa situação,
porque a nossa Casa, através de um órgão interno, e isso pode acontecer,
cometeu um equívoco e uma ilegalidade sob o ponto de vista da legislação de
proteção à arborização. Nesse sentido, eu sei que V. Exa. não tem relação
direta com essa situação, não pode saber sobre tudo o que acontece na Câmara,
gostaria de ser informado, porque, de fato, temos uma situação para ver como
reparar.
O SR. PRESIDENTE: Em razão do Requerimento de V. Exa.,
solicito ao Ver. Juarez Pinheiro que assuma a Presidência para que eu possa
fazer uma Comunicação de Presidente.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sobre esse assunto?
O SR. PRESIDENTE: Sobre esse assunto, Vereador.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
eu quero, nesta Questão de Ordem, pedir que a Mesa, na medida do possível,
aplique o art. 216, inciso III, do Regimento. (Lê.)
“III
- comparecer às sessões plenárias com traje passeio completo;”
Recentemente
nós temos visto que alguns Vereadores não vêm cumprindo esse item e, como temos
transmissão pela televisão, parece-me que isso torna evidente a todos o
desrespeito para com o Regimento. Temos que ter um critério, porque, se não
valer isso para todos, que se aplique o Regimento também para todos.
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores a Questão de Ordem do
Ver. Antonio Hohlfeldt pede, exatamente, o cumprimento do Regimento. Solicito
aos Vereadores que compareçam com o traje passeio nas sessões da Câmara
Municipal.
Aqueles
que assim não fizerem não terão presença e não terão direito à tribuna, porque
temos que cumprir o nosso Regimento na íntegra.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
uma Comunicação de Presidente.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ver.
Gerson Almeida, em respeito ao Requerimento de V. Exa. e, aproveitando isso,
quero dar uma informação à Casa.
Nós
estamos, através de um projeto realizado por um profissional que presta serviço
a esta Casa, o engenheiro Franco, não sei, confesso, se é engenheiro ou
arquiteto -, nós estamos fazendo uma reformulação dos nossos jardins internos.
Informam-me que o Sr. Franco é arquiteto.
O
projeto do arquiteto Franco obedeceu, rigorosamente, a todas técnicas, a toda a
legislação e, por meio de uma concorrência feita pela Câmara também para outros
projetos que foram igualmente analisados pela equipe técnica, o projeto do
arquiteto Franco foi o escolhido para a reformulação do nosso jardim.
Ver.
Gerson Almeida, nós tomamos todos os cuidados possíveis para que a legislação
sobre o corte de árvores fosse respeitada. Só que nós temos uma dificuldade que
não é só da Câmara Municipal; parece que é uma dificuldade de toda a Cidade,
Ver. Gerson Almeida. Os técnicos da SMAM foram chamados no ano passado, porque
nós tínhamos uma árvore que estava com problemas, e fizeram o corte dessa
árvore. Só que eles tinham que fazer, também, a poda de alguns galhos que
estavam causando problemas às esquadrias da Casa.
Os
técnicos da SMAM foram chamados no início deste ano. Nós estamos no mês de
agosto, praticamente em setembro, e eles ainda não compareceram, Ver. Gerson
Almeida. Pelo seu não-comparecimento, os técnicos da Casa e um paisagista
contratado para fazer a obra de reforma dos jardins, analisando a legislação,
viram que as árvores removidas não eram nativas. Fossem elas nativas seu corte
seria impossível pela legislação. Duas árvores que se encontram caídas, caíram
porque o seu tronco apodreceu; elas não foram cortadas por ninguém. Na semana
passada, um ou dois arbustos foram cortados, mas, na verdade, não foram árvores
nativas. E foram cortadas sem autorização da SMAM, exatamente porque o técnico
que deveria vir, aqui, na Casa, está sendo chamado desde o início do ano, não
compareceu.
Então,
rogo a V. Exa. que entre em contato com a SMAM, talvez tenha mais sorte do que
tiveram todos os técnicos da Casa, onde integram profissionais do partido de V.
Exa. e profissionais vinculados à Casa, mas que não conseguiram sensibilizar a
SMAM no sentido de que viessem à Câmara Municipal para nos orientar com relação
àquilo que poderia ou não poderia ser feito nos jardins.
Tudo
o que vai ser feito no jardim obedece a um projeto que foi escolhido entre
outros, uma empresa foi licitada e vai realizar o trabalho, tudo visando dar
para a nossa Casa melhores condições. Isso que está sendo realizado, que deverá
ter o seu término no final da semana, será entregue na segunda-feira, e
acredito que todas essas atividades que estão sendo realizadas por técnicos nos
jardins internos visam melhorar as condições que temos hoje nos jardins. As árvores
estavam apodrecidas, alguns galhos estavam, na verdade, prejudicando as
esquadrias da Casa, nos jardins centrais - o Ver. Clovis Ilgenfritz que foi
Presidente no ano passado sabe - é muito úmido, não pega sol, temos
dificuldades ali. O projeto que foi escolhido contemplou todas essas
preocupações.
A
preocupação de V. Exa. é justa, só que, na verdade, quem falhou conosco foi,
exatamente, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente que foi chamada à Casa, não
quisemos fazer sem a ouvida dela, só que desde o início do ano até o final do
mês de agosto, entrando setembro já, ela não compareceu. V. Exa. há de convir
comigo que é muito tempo para esperar a Secretaria vir aqui orientar os
trabalhos realizados na Casa.
Exatamente
por não recebermos a resposta da Secretaria é que resolvemos fazer esse projeto
por técnicos abalizados, por pessoas que procuraram respeitar a legislação é
que esse projeto foi levado à frente, a fim de que a modificação, que
precisávamos fazer, pudesse realmente acontecer.
Eu
quero aproveitar esta Comunicação de Presidente para também convidar os Srs.
Vereadores para, sexta-feira, à noite, aqui neste Plenário, um painel sob o
tema “A construção do Brasil”, com um escritor extremamente famoso, um
brasilianista, tem pelo menos duas obras que são bastante conhecidas em todo
Brasil, que são de Getúlio a Castelo e uma outra de Castelo a Tancredo. São duas obras
muito conhecidas a respeito de todos os fatos que envolveram essa parte da
história do Brasil. Ele vai estar a partir das 20h, aqui, no Plenário da Câmara
de Vereadores, e eu acredito que essa conquista foi do pessoal do Memorial da
Casa, que fez contato com várias entidades do nosso Estado a fim de que a vinda
desse brasilianista pudesse ser patrocinada por essas entidades. Não está custando
nada para a Casa a vinda de Thomas Skidmore. Então, eu convido todos os
Vereadores para estarem presentes aqui, até para que possamos prestigiar o
pessoal da Casa, já que o Sr. Jorge e a Sra. Elizabete foram as pessoas que
trabalharam para trazer Thomas Skidmore.
E,
na semana que vem, eu pediria que todos os Vereadores, a partir de
segunda-feira, pudessem estar participando conosco de todas as solenidades da
Semana da Câmara Municipal, quando estaremos completando 225 anos de
existência. Seria muito importante para esta instituição que todos nós,
Vereadores, pudéssemos estar acompanhando todos os atos que vão ocorrer a
partir de segunda-feira, às 8h, quando estaremos abrindo essa semana que vai
visar a comemoração dos 225 anos da Câmara Municipal. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Sr. Presidente, eu requeiro cópia de
toda documentação desse processo, inclusive das solicitações formais feitas à
Secretaria do Meio Ambiente. E V. Exa. mostrou grande conhecimento da matéria,
eu até particularmente achava que não era do seu conhecimento, pelo menos em
detalhes, e mesmo que V. Exa. coloque que há vários meses tem solicitado à
SMAM, a legislação é bastante clara e nós não podemos pregar a desobediência
civil. Se tem técnicos habilitados, eles são os únicos que podem autorizar ou
não a remoção de árvores na Cidade de Porto Alegre. Por isso, eu quero a
documentação para ver que medidas este
Vereador, na condição de cidadão, pode tomar sobre a questão.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Com prazer, Vereador. Aliás, eu vou-lhe
remeter cópia de outros documentos de desobediência da legislação.
O SR. GERSON ALMEIDA: Eu estou querendo só desses documentos.
O SR. PRESIDENTE: Eu poderia lhe enviar de todos os outros
processos, se V. Exa. quiser, de desobediência de leis, para que V. Exa. possa
nos ajudar.
O SR. GERSON ALMEIDA: E eu tenho certeza de que a Presidência
do Poder Legislativo Municipal não apregoa e nem estimula isso.
O SR. PRESIDENTE: Eu posso lhe mandar as cópias para que V.
Exa. me ajude, porque eu não gostaria da desobediência, de forma nenhuma, só
que o próprio Prefeito, do Partido de V. Exa. ...
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, eu não quero discutir com
V. Exa., inclusive é anti-regimental.
O SR. PRESIDENTE: Mas eu nem permitiria que V. Exa.
discutisse comigo, Vereador. Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 14h48min)
O SR. PRESIDENTE (às 14h59min): Estão reabertos os trabalhos. Ver. Gerson
Almeida, já ouvi o seu Requerimento e só vou aceitá-lo por escrito. Vou
respondê-lo também por escrito.
O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, há uma preocupação com as
árvores da Cidade, especialmente com as figueiras que são árvores tombadas. O
Prefeito desta Cidade, no dia 21 de agosto, determinou a retirada do tombamento
de uma figueira num decreto sem considerandos. Estou pedindo que a Comissão de
Justiça analise esse decreto, e o faço na forma do Regimento, art. 94,
parágrafo 3º, letra J, por escrito, para que a Comissão de Justiça, com
urgência, se manifeste, antes que derrubem a árvore. Por isso que estou
abusando do tempo e da paciência de V. Exa. Saúde e paz.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir solicita Licença para
Tratamento de Saúde, no dia de hoje.
O Ver. João Motta solicita Licença para
Tratamento de Saúde, no dia de hoje.
(Obs.:
Foram apregoados os Requerimentos de licença dos Vers. José Valdir e João Motta
e empossados os Suplentes, conforme consta na Ata.)
O
Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras e Senhores assistentes, quando surgiu um assunto aqui, na sessão
passada, segunda-feira, através do Ver. Fernando Záchia, eu olhei o documento
que S. Exa. tinha em mãos e, por uma questão de prudência, naquela ocasião não
me pronunciei para aprofundar a matéria. Diante da veiculação, inclusive, com
destaque na imprensa e, portanto, o que se poderia dizer, que se estava
querendo alguma projeção através daquele assunto, isso já passou.
A
imprensa já publicou uma página com trechos do documento, do jornal francês Le Mond Diplomatique: por isso, estou na
plenitude da situação para, com tranqüilidade, falar sobre o assunto. Vou falar
diante da inquestionável situação existente, ou seja, de o Prefeito de Porto
Alegre ter veiculado matéria que alguém disse e, portanto, ele queria veicular,
porque ele poderia não veicular, estabeleceu-se o inusitado, que é a tentativa
de enfraquecimento de uma instituição legislativa.
Já
no passado, antes de 1964, exatamente nesta trilha, neste caminho,
enfraquecendo o poder civil, enfraquecendo os parlamentos, se convenceu a Nação
de que os generais eram melhores que os civis e que resolveriam os problemas do
Brasil, porque as instituições são fracas, a democracia é contraditória, muitas
vezes, paradoxal. Mas é o melhor regime que existe. Foi exatamente neste
sentido: primeiro martelando os políticos, os parlamentos e o poder civil;
depois surge o salvador da pátria, seja o Pinochet, ou outro em qualquer país,
ou no Brasil como surgiram os generais. Foi um desserviço à democracia, que o
Prefeito prestou, com o enfraquecimento deste Poder.
Aliás,
a questão do Orçamento Participativo tinha que dar nisso, porque, nas reuniões
do Orçamento Participativo, muitas pessoas têm a arrogância de estar resolvendo
os problemas da Cidade, já que os Vereadores não resolvem os problemas da
Cidade. Estava faltando alguém, esse alguém surgiu - até aí tudo bem.
Presume-se que no Orçamento Participativo não haja conotação política, acredito
que lá vão pessoas de outros partidos políticos, imagino que os interesses da
Cidade estão acima dos partidos políticos. O mais grave em tudo isso é a
chancela do Prefeito eleito pelo povo, em nome de uma administração que tem o
perfil de defesa das instituições democráticas, tenha dado força para alguém
que disse aquilo que até pode ser dito no âmbito de Porto Alegre, no âmbito das
circunstâncias territoriais do município, e das condições políticas da
resolução dos problemas de Porto Alegre. Até aceito as pessoas dizerem “nós que
trabalhamos, nós que nos reunimos, nós que jogamos nos investimentos no ‘A’,
‘B’, no ‘C’, e os Vereadores, que ganham ‘x’, não tomam essa deliberação”.
Em
primeiro lugar, não se toma iniciativa porque o Orçamento Participativo
adonou-se dessa situação através do Poder Executivo, é tutelado pelo Poder
Executivo; tanto que, em março, em Buenos Aires, quando estivemos com o
Prefeito, o Orçamento Participativo de lá não vai ter a tutela como aqui de um
representante do Executivo. Lá ele terá pernas próprias, mas aqui é do
Executivo. Mas tudo isso eu admito.
O
que não admito, em nome da Bancada do PDT, é que o Prefeito, com a
responsabilidade política que tem, em uma das cidades mais importantes do
Brasil, tenha repetido aquilo que é uma inominável agressão e enfraquecimento
deste Poder Legislativo. Como instituição, este Poder foi enfraquecido pela
palavra de quem não poderia proceder assim, porque ele é o Prefeito da Cidade e
deve preservar o respeito com a Casa que foi, soberanamente, eleita nas urnas,
em nome da população de Porto Alegre. Portanto, aquela entrevista entristeceu
os integrantes do PDT. Temos certeza de que a prosseguir assim, cada vez mais,
vai enfraquecer-se o Poder Legislativo, em vez de fortalecer, através da
representatividade popular. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra em Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não
contente com a péssima repercussão dessa entrevista agressiva, inoportuna e
desnecessária ao Le Mond Diplomatique,
o nosso turista trapalhão mais uma vez ataca, chamando o Senado Brasileiro de
trombolho. Ele que foi deputado federal, que sabe o que é e o que representa um
parlamento neste País, o cuidado que se tem hoje com as instituições
democráticas, porque nunca mais queremos que volte a negra noite da ditadura e
os atentados, diversos já inclusive, contra a soberania do Poder Legislativo
Municipal, que várias vezes foram atacadas por uma só pessoa.
Por
ocasião de mais uma viagem do nosso “turista”, do nosso “ambulante” Prefeito, o
nosso Presidente foi tomar posse e passou maus momentos no Paço Municipal para
substituir nosso Prefeito, e a Câmara não esquece disso. Ele diz que quer
rediscutir as instituições como as Câmaras Municipais. Quero dizer ao Sr.
Prefeito que são mais de cinco mil e duzentas Câmaras Municipais no Brasil. São
mais de vinte mil no mundo inteiro. Atentou contra um órgão que representa a
democracia, um órgão que trabalha muito, sim, e com pagamento realmente
simbólico para esse tipo de trabalho, e queremos saber quanto ganha o Prefeito,
quanto de diária ele recebe. E agora vai vir mais um requerimento para mais uma
viagem para Montevidéu. Quero saber se o Brasil joga em Montevidéu nessa época
também. Além de tudo, é pé frio, pois não respeitou a sua própria Bancada,
porque não respeita ninguém, porque não respeitou Osvaldo Rolla, não respeitou
a tradição do Abrigo Dias da Cruz, não respeita a história do Sport Club
Internacional, e depois, no dia seguinte, ainda dá entrevista dizendo: “Sim.
Fui eu que fiz”. “Fui eu que mandei”. Parece-me que está se formando um esboço
de “ditadorzinho” que não consegue melhorar as condições de administração do
estilo petista de fazer política e de administrar, e evidentemente volta as
suas baterias para a Câmara Municipal.
Norberto
Bobio, senador vitalício, sociólogo, historiador, no seu livro Futuro da Democracia cita Rousseau,
dizendo que se os deuses fossem habitantes desta terra, o fariam como uma
democracia direta. Mas, não são os deuses, são homens que habitam a terra.
Então, a representação é a essência desta democracia. É muito sintomática a
tentativa de desmoralizar a Câmara Municipal, comparando-a com o Orçamento
Participativo. Ora, o Orçamento Participativo é um órgão temporário feito por
esta administração e qualquer outra administração que venha pode extingui-lo.
As Câmaras Municipais são órgãos provenientes da democracia, lá da Revolução
Francesa, dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Nós somos um poder
legislativo. Nós temos toda a legitimidade da escolha do povo, de baixo para
cima, e da Constituição Brasileira que assegura o nosso exercício, o nosso
mandato, para por em dúvida isso e tentar comparar com o Orçamento
Participativo, porque é um órgão que não veio de baixo para cima, que não veio
da decisão do povo, mas do interesse de uma administração. Por favor, são duas
coisas absolutamente incomparáveis.
Mais
uma vez, termino o meu discurso dizendo que a população entenda que isso faz
parte do festival de besteira que assola Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, com base no artigo 142 do
nosso Regimento, eu observo que, durante as sessões, o Vereador não poderá se
referir a colega ou representante do Poder Público de forma descortês ou
injuriosa. O Ver. Cláudio Sebenelo, com todo respeito, se dirige ao Sr.
Prefeito Municipal de forma descortês e injuriosa, quando chama de “ambulante” Prefeito,
“ditadorzinho”.
Eu
solicitaria que, com base no artigo 142, nós não tivéssemos essas palavras nos
nossos discursos, na Câmara. O Prefeito já foi chamado por outras palavras na
sessão passada. Inclusive, eu quero requerer, já, de pronto a V. Exa, que me
passe declarações do Ver. João Dib que são injuriosas. E o art. 142 é muito
claro com relação a isso.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, não vejo, também, na
Líder do PT, ilustre Vera. Maria do Rosário, qualquer autoridade para censurar
o meu discurso, mantenho o que disse e todas as palavras que usei não foram
ofensivas a pessoas ou interesses.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Cláudio Sebenelo, o direito da
Vereadora de fazer Requerimento solicitando que sejam retiradas palavras do
pronunciamento, tem respaldo no Regimento. Então, quando Vossa Excelência diz
que não quer retirar a palavra, Vossa Excelência está se arvorando na posição
do Presidente da Casa, porque quem decide se tira a expressão ou não é o
Presidente da Casa, de acordo com o nosso Regimento. Eu respeito a vontade do
Vereador, assim como quero que Vossa Excelência respeite a vontade dos outros
Vereadores, que é a de seguir o Regimento e poder fazer os seus requerimentos.
O Requerimento da Vereadora está absolutamente perfeito.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de
Ordem): Gostaria que a
Vereadora também tivesse a mesma atitude quando chamasse outras autoridades de
outros epítetos.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu não fiz nenhum
pronunciamento hoje, portanto, não tenho nada para retirar.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
gostaria de esclarecer ao Ver. João Dib que estou solicitando que ele,
gentilmente, me passe o seu pronunciamento da sessão passada.
O SR. PRESIDENTE: O pronunciamento já é público. Vossa
Excelência já tem acesso ao pronunciamento.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de
Ordem): Vou requerer que
essas palavras que foram usadas de forma injuriosa e que foram repetidas em
noticiários sejam retiradas do pronunciamento. De qualquer forma, não aceito
que o Ver. Cláudio Sebenelo venha fazer algum reparo. Fiz um Requerimento, e os
meus futuros pronunciamentos não dizem respeito ao Vereador.
O SR. PRESIDENTE: Vereadora, esta Presidência já informou
ao Ver. Cláudio Sebenelo do direito que Vossa Excelência tinha de fazer o
Requerimento.
Solicito
aos Srs. Vereadores que esse microfone de apartes não seja utilizado para
censurar outros colegas, mas que seja utilizado para fazer apartes ou
requerimentos regimentais dirigidos à Mesa.
Com
a palavra o Ver. Luiz Fernando Záchia para Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Vera.
Maria do Rosário, penso que não temos que agradecer ao Prefeito Raul Pont,
penso que temos que ficar entristecidos ao constatar que o Prefeito da Cidade
faz com que a Câmara de Porto Alegre tenha uma página no jornal, como disse a
Vera. Maristela, para falar mal da instituição, para mostrar que o Prefeito não
gosta do Legislativo. Um homem que veio do Legislativo, um homem que já teve
participação na Câmara Federal, deveria, obrigatoriamente, respeitar um pouco
mais o Legislativo.
Mas
o que me deixa extremamente magoado, chateado – já, aqui, na segunda-feira,
fizemos o relato sobre aquela entrevista, infeliz entrevista do Prefeito, não
queria voltar ao assunto - é que leio, hoje, no jornal Zero Hora, onde o Prefeito diz: (Lê.) “Os Vereadores deveriam
aproveitar as críticas da população e repensar o Legislativo”. Primeiro, na
visão distorcida do Prefeito, as críticas não são da população; na visão
distorcida do Prefeito as críticas seriam de membros que fazem parte do
Orçamento Participativo. Não é a população de Porto Alegre. Vinte mil pessoas,
anualmente, passam pelas reuniões do Orçamento Participativo, o que não quer
dizer que sejam vinte mil pessoas, pois muitas delas repetem as sessões. Jogar
a Câmara, jogar a imagem da Câmara para uma aprovação ou não da população é
irresponsabilidade do Prefeito.
Se
o Prefeito disse o que disse, e até repete - “O repórter francês escreveu o que
viu aqui e eu disse a ele o que escuto todos os dias dos Conselheiros do
Orçamento Participativo” - nós, Vereadores, não podemos cometer o erro de
querer comparar a Câmara Municipal de Porto Alegre com o instrumento do
Orçamento Participativo. Nós temos uma história de mais de duzentos anos.
Queira ou não queira o Sr. Prefeito, goste ou não goste o Sr. Prefeito, esta
Casa trabalha. Jamais perguntei a que horas o Sr. Prefeito acorda. Jamais
expressei aqui minha estranheza de, na maioria das solenidades públicas, não
ver o Sr. Prefeito. Só vejo o Vice-Prefeito representando. Poderia deduzir que
o Sr. Prefeito não gosta de trabalhar. Não compete a mim, essa aprovação quem
faz é a população. Se o Prefeito trabalha muito ou pouco, a população é que vai
fazer essa avaliação. E não compete ao Sr. Prefeito dizer que esta Casa deveria
refazer uma avaliação do nosso trabalho. Ora, Sr. Prefeito, vamos respeitar um
pouco mais a tradição desta Casa, vamos respeitar as pessoas desta Casa, e não
mostrar, definitivamente - o que está parecendo para este Vereador -, traços
claros de autoritarismo.
Essas
manifestações são características de pessoas autoritárias. Queiramos ou não
somos obrigados a conviver com isso, mas me dêem o direito de dizer que o Sr.
Prefeito está demonstrando ser um homem autoritário, que não consegue e não
sabe viver num processo democrático.
Parece
incrível, Vera. Maria do Rosário: um homem que foi Deputado Federal, um homem
que milita num partido extremamente democrático não sabe viver com a
democracia, tem dificuldade de conviver com a democracia. Isso me faz, Ver.
Clovis Ilgenfritz, lamentavelmente, deduzir isso. Para mim já estava encerrado
esse assunto, mas quando li isso, hoje, dizendo que a Câmara deveria reavaliar
a sua atuação conforme as críticas da população, ora, nós de quatro em quatro
anos estamos sujeitos à avaliação do povo. Estamos sujeitos à avaliação
popular: se trabalhamos bem, continuamos; se não trabalhamos bem - na visão da
população -, não continuamos.
Agora,
em nenhum momento esta Casa pecou por falta de trabalho; em nenhum momento os
Vereadores desta Casa chegam ao trabalho às 10h da manhã; em nenhum momento os
Vereadores desta Casa, às 19h, estão em suas residências. Aqui se trabalha! Eu
me dou o direito de questionar: será que no Executivo se trabalha tanto assim?
E não estou falando dos Vereadores do meu Partido, falo de todos os Vereadores.
Será que no Executivo se trabalha tanto assim? Será que o Sr. Prefeito trabalha
tanto assim? Realmente estou com dúvida.
E
fico, Ver. Pedro Américo Leal, extremamente triste. Aí o Prefeito tem razão,
não estamos trabalhando para a Cidade, estamos discutindo um conceito
malformulado pelo Sr. Prefeito, que demonstra - para mim - ser uma pessoa
extremamente autoritária. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Clovis Ilgenfritz que
assuma a Presidência para que este Vereador possa usar a tribuna em Comunicação
de Líder pela Bancada do PTB.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
preferi falar neste assunto em Comunicação de Liderança e não em Comunicação de
Presidente.
O
Sr. Prefeito Municipal viajou para a Cidade de Saint-Denis e de lá percorreu
algumas outras cidades francesas. Essa viagem do Sr. Prefeito, Ver. Pedro
Américo Leal, feita contra o voto deste Vereador e contra o voto da Bancada
deste Vereador, foi feita com dinheiro público.
Eu
li, hoje, no jornal, que o Prefeito Municipal foi até Saint-Denis, porque
Saint-Denis queria importar esse tal de Orçamento Participativo. Ora, Ver.
Pedro Américo Leal e população desta Cidade, se o Sr. Prefeito Municipal vai
até lá para levar o Orçamento Participativo e, na opinião daqueles cidadãos,
fazer um bem para Saint-Denis - coitados! - quem deveria pagar essa passagem,
Ver. Pedro Américo Leal? V. Exa. foi, agora, a convite do Reitor da
Universidade do Porto, visitar aquela Cidade. Quem pagou a passagem? Quem pagou
foi o Dr. Salvato Trigo, Reitor da Universidade do Porto.
O
nosso Prefeito Municipal, tão digno, tão honrado, convidado para ir até
Saint-Denis, vai com o dinheiro do cidadão de Porto Alegre, com o dinheiro dos
impostos pagos aqui na Cidade. O que Porto Alegre ganhou com o Prefeito
viajando até Saint-Denis, assistindo à abertura da Copa do Mundo,
refestelando-se e dando entrevistas para o jornal francês, o Le Monde Diplomatique, dizendo que aqui
os Vereadores não fazem absolutamente nada e ganham muito.
Ora,
quem é o Sr. Prefeito Municipal? Eu faço uma pergunta para V. Exas.: qual foi o
trabalho reconhecido que este Prefeito Municipal fez? No que o Sr. Pont é tão
reconhecido assim para, de dedo em riste, dizer que os Vereadores de Porto
Alegre não fazem nada? Quem é esse homem? Ele não acusa só os Vereadores de
oposição; essa acusação, essa tentativa de desmoralização é também sobre a sua
Bancada. Eu queria tanto ouvir a Bancada do Sr. Prefeito Municipal aqui nesta
tribuna falando sobre este assunto. Eu queria muito ouvir a Vera. Maria do
Rosário falando o que ela pensa do Prefeito que falou não apenas dos Vereadores
de oposição, mas de todos os Vereadores, dizendo que aqui ninguém trabalha.
Esse Prefeito foi falar isso na França, com o dinheiro de Porto Alegre, com o
Projeto que autorizou a sua viagem votado pelos Vereadores de Porto Alegre,
pelos Vereadores desta Casa, que nada fazem. Graças a Deus, contra os votos da
minha Bancada e com o encaminhamento contrário que fiz desta tribuna, naquele
dia.
Mas
peço a V. Exas. que olhem para esta Cidade e que dêem uma volta por esta
Cidade. Esta Cidade está cheia de pessoas que não sabem para onde ir, sem
destino, sofredoras, atiradas pelas ruas, sem ter o que fazer. A Cidade não tem
obras. A Cidade, na verdade, está desgovernada. Mas os Vereadores não
trabalham! E o Sr. Prefeito Municipal, sabe qual a única coisa que ele sabe
fazer, Ver. Pedro Américo Leal? Distribuir os impostos que são angariados e que
desde 1989, após a Constituição, vieram beneficiar os municípios, como é o caso
de Porto Alegre. Porto Alegre começou a ter dinheiro depois disso. Aí, fizeram
essa coisa que se chama Orçamento Participativo e distribuem o dinheiro
angariado dos impostos. Então, é alta criatividade o que nós temos nesta
administração. Contem-me somente um ato de criatividade que tem esta
administração que possa justificar, realmente, a ida desse Prefeito à França
para falar o que falou deste Legislativo.
Eu
preferi falar tudo isso em Comunicação de Líder da minha Bancada porque, como
Presidente da Casa, eu sou Presidente de toda a Instituição, por isso preferi
não falar isso como Presidente desta Casa. Mas convoco as Lideranças para que
nós possamos fazer uma reunião com todos os Vereadores para tomarmos uma
atitude em nome da Casa, Vereadores do PT, Vereadores de oposição, para que uma
atitude possa ser tomada em nome da Instituição. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de
PROC.
2220/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 004/98,
que altera o artigo 180 da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de
1985, com redação dada pela Lei Complementar nº 385, de 18 de setembro de 1996,
que assegura a incorporação de gratificações aos proventos de aposentadoria dos
funcionários do Município, e dá outras providências.
PROC.
2440/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 119/98, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que
autoriza o Poder Executivo declarar de utilidade pública a Federação das
Associações e Círculos de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul (ACPM-Federação).
PROC.
2467/98 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 032/98, de autoria da Mesa Diretora, que autoriza o Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre a assinar Termo de Cooperação Técnica com a
Fundação de Atendimento ao Deficiente e ao Superdotado no Rio Grande do Sul
(FADERS), com vistas a possibilitar a realização de estágio a aprendizes de
organismos ligados a esta, portadores de deficiência mental, física, visual e
auditiva, e dá outras providências. Com
Emenda nº 01.
PROC.
2335/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 014/98, de autoria do Ver. Renato Guimarães,
que altera o art. 31 da Lei Complementar nº 234, de 10 de outubro de 1990
(Código de Limpeza Urbana) e dá outras providências.
PROC.
2392/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 113/98, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt,
que dispõe sobre o serviço de transporte individual de passageiros (táxi) e dá
outras providências.
PROC.
2402/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 115/98, de autoria da Vera. Clênia Maranhão, que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao ator e diretor Paulo
José Gomes de Souza.
PROC.
2432/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 117/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Mário Silveira da Conceição um logradouro público localizado
no Bairro Farrapos.
PROC.
2433/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 118/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua José Gonçalves um logradouro irregular localizado no Bairro
Partenon.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, assumo a
tribuna, no período de Pauta, que já deveria ter iniciado há mais tempo, mas
foi retardado porque a Casa, evidentemente, como é do seu feitio, uma casa
multipartidária, estava discutindo assuntos extremamente pertinentes e atuais
que, se não estão na Pauta formal da reunião de hoje, estão na pauta do
dia-a-dia deste Legislativo porque diz respeito à nossa auto-estima pessoal.
Mas
não é esse assunto que me traz à tribuna, e nem poderia fazê-lo, Sr.
Presidente, seria um desrespeito ao Regimento que só se justificaria em função
do desrespeito geral de que a Casa foi vítima pelas manifestações, aqui,
largamente comentadas e impugnadas.
O
que me traz à tribuna, Ver. Pedro Américo Leal, que me honra com a sua
permanente atenção, o que me gratifica, sobremaneira, é comentar o Projeto de
Lei do Ver. Antonio Hohlfeldt, um dos mais diligentes Vereadores da Casa, cuja
labuta, cujo trabalho, por si só, já impugnaria qualquer afirmação em contrário
a respeito da importância do Legislativo na organização política da sociedade
porto-alegrense porque só têm dúvida sobre a influência e a importância do Legislativo
as pessoas que são totalitárias, as pessoas que são adeptas de outra posição
política que não aqueles que entendem que a democracia é representada pelos
legítimos representantes oriundos das urnas - a forma adequada que a
civilização contemporânea encontrou para levar às últimas conseqüências o
processo democrático que aqui, no caso, se representa por nós Vereadores, como
o Ver. Antonio Hohlfeldt, que faz um Projeto de Lei que, aparentemente, é
simples, mas que busca dentro da sua competência elucidar, de uma vez por
todas, um problema existente no cotidiano da Cidade.
Ele
dispõe, no Projeto, sobre o serviço de transporte individual de passageiros,
táxi, e dá outras providências; diz, claramente, que fica a cargo do Sindicato
dos Taxistas de Porto Alegre a responsabilidade pela confecção e distribuição
de adesivos, folhetos, selos, recibos, tabelas e afins, quando de sua
obrigatoriedade aos taxistas da Capital. O que quer dizer o Ver. Antonio
Hohlfeldt? Que algo que já vem sendo feito em Porto Alegre há mais tempo, agora
deve ser feito exatamente por essa entidade, reconhecida por decisão judicial
como sendo a legitima representante dessa categoria no Município de Porto
Alegre. Não falta acuidade ao Ver. Antonio Hohlfeldt que é diligente, que é um
dos nossos símbolos do trabalho e da importância desta Casa, para trazer uma
“coisinha” da qual provavelmente os donos do poder não se dêem conta, que não
pode ficar sem um regramento mais específico.
Certamente,
essa é uma matéria que o bom senso já deveria ter dirimido. Afinal, se a
Justiça reconhece uma entidade como sendo a legítima representante de uma
categoria, a interlocutora tem que ser ela e ponto final. Mas como a coisa não
é assim, como mesmo com essa decisão judicial, ainda existem querelas na ordem
municipal, faça-se a lei, cumpra-se a tarefa de representante do povo e traga
um Projeto de Lei, para ser decidido pelo plural, pelo conjunto, que tem
representação de todas as facções políticas da Cidade - inclusive uma
dominante, até hegemônica, eis que majoritária, por vontade popular, que
entendeu de dar à Frente Popular uma expressiva maioria nesta Casa, com treze
ou quatorze Vereadores, conforme as circunstâncias. Cabe a nós, que defendemos
a democracia representativa como sendo uma forma civilizada de se colocar
avante o processo democrático, nos curvar e respeitar. Nós não gostaríamos que
fosse assim, mas não é o nosso gosto que importa, importa a realidade, formal,
real da Cidade de Porto Alegre.
Aqui
existe, Sr. Presidente, uma expressiva representação partidária, que pode até
não concordar com o Projeto de Lei que estou comentando, do Ver. Antonio
Hohlfeldt, é um direito legítimo. Aqui não é uma Casa de unanimidades
permanentes, aqui é uma Casa de debates, uma Casa onde se trabalha debatendo, e
esse debate tem que ser permanente e continuado, inclusive sobre matérias
importantes como essa do Ver. Antonio Hohlfeldt. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este é
o período da Pauta, que tanto nos encanta, porque falamos das coisas de Porto
Alegre, e certamente falo pela Bancada do PSDB, a Bancada trabalhadora do PSDB,
assim como são as outras Bancadas, Vereadores Pedro Américo Leal e João Dib,
porque somos testemunhas do intenso trabalho da Líder do PT, Vera. Maria do
Rosário, que faz um magnífico trabalho nesta Casa, apesar de se dizer por aí
que aqui não se trabalha.
Pois,
como parte deste trabalho, tenho orgulho de comentar com a população de Porto
Alegre, através dos televisores, através das nossas galerias, através deste
Plenário, da Mesa Diretora, o felicíssimo Projeto da Vera. Clênia Maranhão que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao lavrense - da Cidade
de Lavras do Sul, cidade de tantas tradições, cidade das nossas reservas
auríferas, da corrida do ouro que houve para a Cidade de Lavras - Paulo José
Gomes de Souza.
O
Paulo José, grande ator de cinema, teatro e televisão brasileiros. Ex-aluno do
Julinho, teve sua formação de teatro em Porto Alegre, no famoso Teatro de
Equipe, onde pontificaram tantas pessoas conhecidas na nossa cidade, no tempo
de Ivete Brandalise, de Milton Mattos, de Lílian Lemertz, e Paulo José, que,
saindo daqui, foi para o Rio, onde fez sua formação, casou com Dina Sfat, teve
três filhas e, hoje, é glória do nosso teatro.
Quero
recordar toda a ternura e todo encantamento de um jovem que via pela primeira
vez um filme chamado Toda Donzela Tem Um
Pai que é Uma Fera. Era a estréia, no cinema brasileiro, do Paulo José, e o
espetacular sucesso da musa do Pasquim, Leila Diniz. Era um filme em que
quebravam os preconceitos, em que era testado, também, o autoritarismo paterno,
e surgia a figura de Paulo José, que, depois, foi consagrada, pela televisão,
em papéis inesquecíveis, sendo que até poucos dias fazia um papel magnífico de
alcoolista na novela Tudo por amor,
às 20h, na Rede Globo de Televisão. Na inesquecível novela O Casarão, em que Paulo Gracindo e Carmem Silva faziam um casal de
idosos fantásticos, Paulo José brilhava também e brilha em todo o cenário
teatral brasileiro.
Numa
tarde dessas de domingo, Faustão apresentou Paulo José, a sua família, os seus
amigos, a comunicação com Porto Alegre, com Lavras do Sul e com as cidades do
seu coração por onde ele passou nesta sua rica vida de ator de teatro, misto de
Deus e palhaço, representando tudo o que pode exercer a nossa fantasia, pena
que essa fantasia não seja tão igual quanto o nosso real.
Paulo José, contracenando, inesquecivelmente,
com Mário Lago, nosso grande ator, vindo de Lavras do Sul, gaúcho, foi para o
centro do País demonstrar que, além das nossas raízes maravilhosas e do seu
talento encantador, é um trabalhador braçal, um trabalhador como todos os
elementos desta Casa e por isso tudo merecedor deste título. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
grande Aristóteles ensinou que qualquer pessoa pode zangar-se, mas zangar-se
com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e pela
maneira certa. O que não é fácil.
E
o povo, aí nas ruas, diz que “errar é humano, permanecer no erro é burrice”.
Vejam que a palavra burrice não é ofensiva. Errar é humano e eu também erro,
mas eu não me zango com facilidade, até porque eu sou um homem que lê a bíblia
do PT, a qual me ensina que “as políticas diferenciadas, geralmente praticadas
por governos conservadores e populistas para dividir os trabalhadores, bem como
as concessões salariais aos setores específicos, independentes das negociações
gerais do funcionalismo, não são recomendadas”.
Ora,
nós estamos no período eleitoral. Há quatro anos, eu ocupava esta tribuna,
reiteradas vezes, para dizer que no período eleitoral nós não poderíamos criar
vagas para nomear trinta agentes fiscais.
Sustentei
a luta por algum tempo e eu não penso como o Prefeito que a minha atitude deva
ser repensada, eu sou um homem que trabalha sete dias por semana, sou sempre
encontrado no momento em que a população deseja, meu telefone esteve sempre na
lista e sempre atendo os que me procuram. Então, não preciso repensar a minha
atitude, eu gosto do que faço, sou Vereador e me agrada sê-lo, não tenho por
que me preocupar e não tenho que mudar, também.
É
curioso que, no momento da eleição, o Prefeito traga sempre vantagens para
alguns, não para todos. Como determina a própria Lei Orgânica: “qualquer
movimentação no plano de carreira dos municipários deve ser feita para todo o
conjunto”.
Mas,
agora, o Prefeito está apaixonado pelo Pronto Socorro, pelo serviço de saúde, o
que é justo. Nós todos, nesta Casa, estamos preocupados com a saúde nesta
Cidade. O Prefeito traz um projeto de lei que estende vantagens a aposentados,
a servidores. Mas, curioso! Por que ele não paga para aqueles aposentados que,
antes da eleição, venceram na Justiça? Por quê? Porque eles não votariam no PT?
O
Sr. Prefeito quer que nós repensemos nossas atitudes. Será que nós devemos
rejeitar a proposição que ele faz e atender aos anseios dos municipários que
estão no Pronto Socorro, ou na área da saúde? É isso que ele quer?
Eu
não inventei a Lei Eleitoral. O art. 73 diz que “são proibidos, aos agentes
públicos, nomear, contratar, ou, de qualquer forma, admitir, demitir sem justa
causa, suprimir ou readaptar vantagens”. Ou readaptar vantagens. Vejam V. Exas.
que, como outros Vereadores fazem, trabalho bastante. Não me incomodo; se
houver mais trabalho, também faço. Lembro-me bem que, há quatro anos, eu
discutia a mesma coisa aqui: o Prefeito fica generoso.
A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Dib, nós queremos registrar a importância desse projeto. Esse
projeto não atende ao interesse do Prefeito ou da nossa Bancada, mas a uma
disposição do próprio Pronto Socorro, dos seus funcionários. E nós, quando
votamos, antes do final do período do recesso, a GIT para trinta horas para os
técnicos-científicos, tivemos o mesmo critério. Parece-me, Ver. João Dib, que
nós não podemos tratar de forma diferenciada o técnico-científico e as demais
pessoas que atuam no Pronto Socorro, que estão buscando os 110%. Peço a sua
compreensão e o seu apoio.
O SR. JOÃO DIB: V. Exa. tem a minha compreensão quando
nos preocupamos com a saúde e com as pessoas que fazem a saúde dos
porto-alegrenses, mas não entendemos por que a preocupação do Prefeito só se
faz na hora da eleição. Também não entendemos por que outros aposentados da
Prefeitura não têm o mesmo carinho do Prefeito. Será por que não votam no PT? -
essa é a pergunta que eu faço. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Renato Guimarães
para discutir a Pauta.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
Senhoras e Senhores, o Ver. João Dib desconhece que o conjunto de projetos de
leis que tramitam pela Pauta e algumas que tratam da questão dos servidores da
saúde não se referem só aos servidores do Hospital de Pronto Socorro. Algumas
proposições tentam adequar as tratativas que o Executivo tem com os servidores
das áreas de pronto atendimento do Município.
Hoje,
vivemos uma realidade diferente de dez anos atrás. Nós recebemos há dez anos
uma estrutura de saúde que tinha só um serviço de pronto atendimento na Cidade.
Contamos, hoje, com serviço de pronto atendimento na Região Leste e Nordeste da
Cidade, a chamada Unidade Bom Jesus, que atende vinte e quatro horas com pronto
atendimento, que executa atividades semelhantes às do Hospital do Pronto
Socorro. Temos, também, o HPS Sul, que desenvolve atividades semelhantes às do
Pronto Socorro.
A legislação que estamos trazendo à Casa busca adequar os vencimentos desses servidores ao tipo de exercício, de função que executam. Portanto, há necessidade de esclarecermos isso.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, quero saudar a administração prefeitural por estar
aplicando 260 milhões de reais que recebe do Governo Federal para a saúde. Está
aplicando bem, não tenho nenhuma restrição. A minha restrição é quanto à
questão de momento, de oportunidade, de hora, pois segundo a lei eleitoral não
é hora de dar vantagens. Estranho por que não deram antes. Eles merecem,
deveriam ter dado antes.
O SR. RENATO GUIMARÃES: É um entendimento, Vereador, nós
entendemos como direito adquirido que está sendo adequado. Esses servidores
trabalham em locais de pronto atendimento, portanto necessitam que seus
salários sejam iguais ao salário dos servidores do Pronto Socorro, no nosso
entendimento não é vantagem, é vantagem no entendimento do Ver. João Dib, não
da Bancada do Partido dos Trabalhadores e do Executivo.
É
interessante que se resgate a necessidade da Câmara Municipal aprovar um
conjunto de leis que faça a adequação da estrutura municipal existente, porque
as leis já são de uma estrutura passada, ou seja, de dez anos atrás. E hoje é
diferente, querendo ou não os Vereadores de oposição.
Temos
um sistema de saúde, hoje, no Município, adequado por um conjunto de serviços
básicos e por um conjunto de referências semelhantes ao do Hospital de Pronto
Socorro, necessitando dessa legislação. Outra referência que gostaríamos de
fazer com relação à Pauta, de forma positiva, é a proposição da Mesa desta Casa
que abre, através de um termo de cooperação, a oportunidade da Câmara de
Vereadores abrir espaço aos deficientes físicos. Eu acho muito louvável essa
iniciativa, afirmando a necessidade desses cidadãos, deficientes físicos e
superdotados, de terem seu espaço para desenvolvimento de atividades
profissionais. O que se deve fazer, não só os Legislativos e Executivos, é
abrir cada vez mais esses espaços de forma democrática, universal para que
todos, que tenham deficiência, possam participar.
Para
encerrar, Sr. Presidente, gostaríamos de resgatar o debate que fizemos aqui, na
primeira Sessão de tramitação do Projeto de nossa autoria, que trata da
necessidade de regulamentarmos, em lei, a utilização de logradouros públicos
para grandes atividades culturais, religiosas, políticas. No nosso
entendimento, o cidadão acaba pagando, através da sua taxa de lixo, a limpeza
desses locais. Isso não é justo. A nossa proposição é que os promotores dos
eventos, em locais públicos, sejam os responsáveis pela limpeza, ou por pagar o
DMLU para que ele faça a limpeza. É uma forma de construirmos justiça na Cidade
e, portanto, vejo que a Câmara de Vereadores tem que ampliar este debate para
que possamos aprovar a legislação e fazer com que seja cumprida. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,
uso o tempo de Pauta para discutir o Projeto de Resolução da Mesa Diretora, que
autoriza o Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre a assinar um termo de
cooperação técnica com a Fundação de Atendimento ao Deficiente e ao Superdotado
no Rio Grande do Sul, a FADERS, com vistas a possibilitar a realização de
estágios para aprendizes de organismos ligados a esta instituição, que são
portadores de deficiência mental, física, visual ou auditiva.
É
importante salientarmos que este ano de 1998 nós, portadores de deficiência,
estamos comemorando 10 anos de direitos constitucionais. Dentro desse aspecto,
a própria Constituição Federal de 1988 passou a definir assim os portadores de
deficiência como cidadãos de direito. Até então éramos considerados apenas como
cidadãos de segunda classe. Saliento que na Exposição de Motivos que o Sr.
Presidente traz a esta Casa, frisa muito bem e menciona o artigo da
Constituição Federal em que garante que os portadores de deficiência têm
direito à reabilitação, à habilitação e integração social. E é nesse item 3º,
sobre a integração social, que nos reportamos a essa Resolução da Mesa Diretora
da Câmara Municipal de Porto Alegre. Como é que nós poderemos falar em
integração social se não falarmos em trabalho, se não falarmos em oportunidade,
para que o deficiente possa se integrar ao processo social? Por isso é que nós
queremos, de fato, parabenizar o nosso Presidente que, sensível ao nosso apelo,
sensível às questões que envolvem as pessoas portadoras de deficiência, aceitou
que esse Projeto de Resolução pudesse ser colocado para apreciação desta Casa
do Povo de Porto Alegre. Com certeza, nós, Vereadores da Câmara Municipal de
Porto Alegre, segundo declaração do nosso Prefeito, estamos atentos às questões
que envolvem a nossa população, às questões que envolvem a classe que nós,
aqui, representamos.
Queremos
salientar que, dentro dessa Resolução, foram criadas onze vagas para portadores
de deficiência, na seguinte proporção: cinco portadores de deficiência mental,
dois portadores de deficiência física, dois portadores de deficiência visual e
dois portadores de deficiência auditiva.
Com
essa medida, Sr. Presidente, a Câmara Municipal de Porto Alegre se caracteriza,
mais uma vez, como a pioneira nessas questões. Nosso Legislativo já passa a
figurar no cenário nacional como referência nas questões de portadores de
deficiência.
Porém,
o que me deixa perplexo e estarrecido é a Emenda nº 1, assinada pelo nobre Ver.
Juarez Pinheiro. Quero dizer que sou totalmente contrário a essa Emenda, vou
pedir aos Srs. Vereadores para que a discutamos melhor. Até acho que ela é
inconstitucional. Nós lutamos contra a discriminação, contra o preconceito que
envolve a luta dos portadores de deficiência. Nessa Emenda, o Vereador sugere
que sejam beneficiados com o estágio os portadores de deficiência que não
tenham, anteriormente, participado de nenhum programa, nenhum estágio.
Na
minha modesta avaliação, acho que isso é totalmente inconstitucional porque se,
por ventura, um cidadão qualquer, não precisa ser portador de deficiência, que
fizer um estágio pelo CIEE, como está colocado aqui, não pode fazer o estágio
pela Fundação Gaúcha do Trabalho. Portanto, acho que essa Emenda é totalmente
discriminatória. Mas não vou fazer uma análise fria, vou esperar que a nossa
Comissão de Justiça avalie essa Emenda. Acredito que ela não passe pela
Comissão. Então vou solicitar aos Vereadores que analisem com carinho para que
essa Emenda seja rejeitada.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador Paulo Brum, V. Exa. com as propostas que têm
feito, em relação aos deficientes, nesta Casa, tem recebido apoio de todas as
bancadas, inclusive da Bancada do PT. Esse Projeto de Resolução da Mesa
Diretora, que nasce muito do seu trabalho nesta Casa, reconhecido por todos os
Vereadores e pela população desta Cidade, tem o nosso apoio. Apenas temos o
entendimento de que todos os deficientes devem ter acesso a esse valor social
que são esses estágios para ingressarem na vida profissional. Nós lutamos para
que todos os deficientes tenham acesso e que não haja privilégios para
determinados grupos.
O SR. PAULO BRUM: Se V. Exa. analisar todos os projetos que
este Vereador apresentou nesta Casa, em nenhum momento buscamos privilégio. Por isso
pela resolução perfeita, elaborada, estudada, tecnicamente, acho que devemos
aprovar a resolução como foi elaborada e rejeitar a sua Emenda. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Ver. Íbaro
Rodrigues, do Partido Progressista Brasileiro de São Borja/RS. Seja bem-vindo a
esta Casa, Vereador.
A
Vera. Maria do Rosário está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vivemos
uma sessão tensa e de muitos ataques. O certo é que queremos recuperar a
verdade do pronunciamento do Sr. Prefeito Municipal, mas especialmente a verdade
nas nossas relações. E dizer, aos Srs. Vereadores e Vereadoras, que nos
surpreende, enquanto Bancada do Partido dos Trabalhadores, que alguns setores
desta Casa, alguns Vereadores, que não estão presentes neste momento da Sessão,
portanto, talvez, não nos escutem, enfim, se irritem com uma manchete de um
jornal no dia de hoje, quando se tenta analisar o papel do parlamento e quando
o Prefeito desta Cidade apresenta um posicionamento que ele escuta de
representantes da comunidade e da sociedade.
A
grande questão aqui, Senhores, e quero referir em nome da Bancada do PT, é que
temos uma compreensão muito clara a respeito do papel do parlamento, das nossas
tarefas e da história da Câmara Municipal de Porto Alegre. Aqui nenhuma bancada
está chamada a vestir o chapéu, qualquer que seja ele. Estamos chamados, em
nome da nossa população, a humildade de sabermos ouvir, em determinados
momentos, e saber que o parlamento, como instituição, aqui no Estado e em nível
federal, está colocado sob o olhar da população, chamado, cada vez mais, a
interpretar os seus anseios, o seu desejo, a mobilizar as suas lutas, a ouvir e
fazer com que a legislação, com que o modo de legislar, com que o nosso
cotidiano seja integrado ao nosso povo que sofre e precisa de soluções emergenciais
para o seu dia-a-dia.
Em
Porto Alegre, vivemos em um processo que complementa, que faz viver a
democracia, que pulsa a democracia, através do Orçamento Participativo. Aqui
desta tribuna alguns Vereadores, claramente, se posicionaram no que é o centro
da questão que não é a diferença que possam ter com as opiniões do Prefeito
Raul Pont ou do cidadão desta Cidade Raul Pont, em alguns momentos, mas,
fundamentalmente, uma diferença de opiniões sobre o papel do Orçamento
Participativo.
O
Ver. Cláudio Sebenelo ocupou esta tribuna, dizendo que, provavelmente,
possivelmente, o Orçamento Participativo não sobrevivesse a outros governos. O
Ver. Cláudio Sebenelo chamou o Orçamento Participativo de temporário e disse
que qualquer outra administração poderia dar fim a essa experiência. Quero
beber as palavras do Ver. Cláudio Sebenelo e dizer que concordo com S. Exa.,
quando diz, claramente, desta tribuna, que o Orçamento Participativo - ouvir a
comunidade, falar com a sociedade e planejar os destinos da Cidade - é parte da
política do Partido dos Trabalhadores, e não é parte da política de quem está
hoje no Governo do Estado, fazendo uma consulta popular que não passa de um
arremedo e, aí sim, uma tentativa eleitoreira de enganar de norte a sul este
Estado, especialmente os setores mais favorecidos.
Srs.
Vereadores, o Ver. Pedro Américo Leal entrou na questão e disse que o Orçamento
Participativo não está correto, essa é a opinião do Vereador. Mas para nós,
Srs. Vereadores, reunir a população, decidir os destinos da sociedade, ouvi-la,
decidir em qual cidade ela quer viver, faz parte de quem acredita na democracia
e de quem acredita que essas milhares de pessoas que se reúnem todos os dias do
ano representam milhões de pessoas que estão todos os dias sabendo como é nossa
Cidade. Eu já disse desta tribuna e quero repetir, que a Bancada do PT, que é
uma bancada trabalhadora - e V. Exas. reconhecem - assim como as demais
Bancadas desta Casa, que são trabalhadoras e que nós reconhecemos, podemos
sempre fazer um melhor trabalho se ouvirmos o que a sociedade diz. E o que a
sociedade está nos dizendo é que quer participar mais e quer participar mais
também do Parlamento, porque um olhar crítico sobre o Parlamento é da natureza
da própria ação parlamentar. Aqueles que se bastam e que dizem que de quatro em
quatro anos estamos sob a mira e avaliação da população, têm uma visão
retrógrada de Parlamento. Ora, Srs. Vereadores, se alguém se elege e não faz
nada por quatro anos, é preciso que preste contas durante os mandatos e não somente
no final. Aqui, nesta Casa, mesmo, temos Vereadores presentes e trabalhadores,
mas nem todos nós trabalhamos e nos dedicamos na mesma possibilidade e no mesmo
nível.
Portanto,
porque o Parlamento é uma instituição plural, porque nós representamos aqui
diferentes setores da sociedade, queremos dizer que o nosso Prefeito, nosso
companheiro não é pessoa de meias palavras, não é pessoa que esconde suas
idéias, não é pessoa de “tapinha” nas costas, não é pessoa de época de eleição
e de momento eleitoral. Queremos dizer que nos orgulhamos do Orçamento
Participativo. Queremos dizer que ouvimos a população e que, se ela tem
críticas a fazer, queremos atender e melhorar cada vez mais a nossa atuação.
Queremos pedir aos Srs. Vereadores que não vistam o chapéu se esse chapéu não
lhes couber. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o PSB,
como é do conhecimento de V. Exas., faz parte e acredita na proposta do
Orçamento Participativo, até porque o Orçamento Participativo, em nosso País,
começou com um prefeito hoje socialista, no Município de Pelotas, o Dep.
Bernardo de Souza. Nós temos algumas dúvidas em relação à maneira como é
implantado e desenvolvido o Orçamento Participativo. Agora, nós queremos
registrar de maneira clara que nós somos totalmente favoráveis ao Orçamento
Participativo, que nós acreditamos na participação popular, porque achamos que,
em pequenas instâncias, parte da população pode ter voz e aqui, também, tem
voto. Mas, ao mesmo tempo, eu lastimo que o Prefeito tenha dado essa
entrevista. E, de público, quero dizer que ele foi muito infeliz. Não sei se a
intenção dele ao colocar a questão do Orçamento Participativo e colocar a
posição de alguns Conselheiros ou Delegados em relação aos Vereadores, poderia
fazer o contraponto de uma imagem, porque, na realidade, o que foi feito na
França foi tentar mostrar de que maneira é desenvolvido o Orçamento Participativo.
Nós
acreditamos que o Orçamento Participativo e, aqui, no caso, os Vereadores podem
e devem viver de maneira harmônica. Nós acreditamos nisso. Agora, hoje, ele
coloca no jornal a sua defesa e diz que os Vereadores deveriam aproveitar as
críticas da população e repensar no Legislativo. O repensar legislativo é que
eu não concordo, acho que as críticas fazem parte. Que bom que as pessoas
criticam! Agora, ao mesmo tempo, o Legislativo tem o poder soberano. Então, no
nosso entendimento, é bem claro, o Prefeito foi infeliz. Agora, nós queremos
deixar bem clara a nossa posição. Nós acreditamos na participação do Orçamento
Participativo e temos que ampliar cada vez mais esta discussão. É o momento em
que a população tem condições de dizer o que quer e porque quer. Acho que cada
vez mais, nós, Vereadores, ao invés de criticar, temos que ver como é feito o
Orçamento Participativo e nos inserir dentro de seu contexto. Portanto, só
lastimamos, mais uma vez, as palavras do Sr. Prefeito. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Reginaldo
Pujol para uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
evidentemente que o assunto que nos traz à tribuna é aquele que tomou conta da
discussão da Casa durante toda a tarde de hoje, a começar pelo pronunciamento
do Ver. Pedro Américo Leal que, no meu entendimento, é lapidar. Não daria
ensejo a novas discussões, tamanha a coerência da posição do ilustre Vereador e
sobretudo pela forma cristalina e transparente com que os conceitos foram
apresentados. Sr. Presidente, teria sido conveniente se esse assunto não
tivesse existido, pois em um período próximo à decisão importante da história
política do País, uma discussão sobre o enfoque da coisa pública que precisa
ser muito bem esclarecido.
Todos
sabemos que existem algumas práticas políticas que não se identificam
perfeitamente, e que é um sonho de alguns que seja possível restabelecer algum
tipo de organização política que caracterizou uma época que felizmente foi
banida da história, no qual este incômodo, para os totalitários, que se chama
Legislativo, não existiria. Simplesmente haveria uma corte, um grupo de
integrantes do seu próprio partido dando alguns palpites e não mais do que
palpites sem possibilidade inclusive de impor as decisões como órgão de
aconselhamento.
Já
dissemos há mais tempo que o chamado Orçamento Participativo nada mais é do que
uma estratégia de política administrativa do Governo do Município, que em uma
das etapas, na primeira, da elaboração orçamentária, entende de se valer de
sugestões de pessoas escolhidas junto à comunidade, e que não se compromete
sequer com essas sugestões que atingem uma parte pequena do orçamento da Cidade
e que não são de forma cogente. Isto é, a Prefeitura de Porto Alegre, a
Administração Municipal não fica sequer comprometida a executar esse plano de
investimentos ditado pelos integrantes do conselho do Orçamento Participativo
como, efetivamente, não vem fazendo.
A
outra tentativa, isto é, de jogar esta Câmara Municipal ao descrédito, de dizer
que aqui não se trabalha e que se recebe R$ 4.500,00 para não trabalhar,
constituiu-se em uma ignomínia de tal ordem que todos já tiveram oportunidade
de repelir e que nós, até, não vamos nos ocuparmos em demasia sobre esse tema,
porque é dar repercussão em demasia a essa infelicidade do Chefe do Poder
Público Municipal que, tentando fazer nome além das fronteiras de Porto Alegre,
do Estado e do País, acabou afirmando essa diatribe que foi afirmada ao jornal Le Monde Diplomatique. No fundo, podemos
vislumbrar alguma coisa de trotskysmo, de radicalismo já superado de quem não
se conforma com a idéia de que a democracia, até com os seus erros, com seus
parlamentos que, muitas vezes, têm até pessoas que não são, no entendimento de
alguns, mais qualificados, ainda é a melhor forma de se fazer vida pública em
todo o hemisfério, em todo o mundo, em qualquer quadrante.
Fora
disso, temos as experiências. Certamente, agradaria muito ao Prefeito Municipal
que fossemos organizados, aqui, como é em Cuba onde não se escolhe o presidente
há trinta ou quarenta anos, onde não existe eleição legislativa, onde está
amordaçada qualquer possibilidade de oposição e, com isso, se estabelece o que
eles chamam de “Paraíso Cubano”. Quem sabe alguma coisa tipo “Aiatolá” ou em
qualquer um desses mundos onde o Islamismo se consagrou e onde não funcionam os
legislativos. Agora, no mundo ocidental e até mesmo do outro lado da “Cortina
de Ferro”, que ruiu, o que existe é, em um grau maior ou menor, uma democracia
que se realiza com a presença de representantes populares eleitos e a ninguém,
nesse contexto, é conferido o título de censor para estabelecer se os lugares
funcionam bem ou funcionam mal.
Se
o Dr. Raul Pont entende que, aqui, na Câmara Municipal, as pessoas não
trabalham, isto é opinião dele. Eu, pessoalmente, penso que ele é um ilustre
viajante, que não trabalha, e é até bom que não trabalhe. Quando quiser viajar
que vá e fique mais tempo fora, porque a Cidade até fica melhor quando ele está
ausente. Pelo menos, não tem essa diatribe, esses atos contrários à democracia
que não podem caracterizar um debate político. O meu mais veemente protesto
pela posição do Prefeito da Cidade que, lamentavelmente, tivemos que registrar
nesta tarde. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra
para fazer uma Comunicação de Líder.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nesta
tarde chuvosa do inverno de 1998, esta Casa ouviu muitas opiniões, muitas delas
desencontradas, desataviadas a respeito de um deslize do Prefeito Municipal,
cometido, lá do outro lado do mundo, a um jornal francês.
Não
vamos discutir a opinião do Sr. Prefeito sobre o processo do Orçamento Participativo,
mas é interessante que retomemos algumas idéias a respeito deste processo que
se desenrola aqui, na Cidade de Porto Alegre, inaugurado no primeiro governo da
Frente Popular, quando era Prefeito o companheiro Olívio Dutra.
Eu
aceito e participo da corrente de opinião que defende o Orçamento
Participativo. Não é nenhuma novidade para o mundo o Orçamento Participativo,
ele começou lá na Idade Média, foi onde se criou a função do Vereador. Era o
senhor feudal, reunindo seus vassalos ao redor do castelo, para elaborar um
orçamento, a fim de defender aquele entorno dos invasores. Foi ali que se
originou a função de Vereador e, através de um orçamento, quem participava, e
com quanto, para a defesa daquele território que era comum, era do interesse comum.
Vieram as ordenações Filipinas, as ordenações Manuelinas, no fim da Idade
Média, se transformaram nas Câmaras de Vereadores, que foi o primeiro estágio
democrático da sociedade humana.
A
democracia representativa, que se inaugurou com a Revolução Francesa, tem pouco
mais de duzentos anos, está dando sinais de exaustão. Nós não podemos ignorar
que a sociedade humana, no limiar deste novo milênio, não esteja preocupada com
o rumo que tomará o tempo futuro, quando ela se relacionar com a forma de
direção que tomar. Ninguém de nós tem bola de cristal para saber que tipo de
democracia vamos ter daqui a dez, vinte, trinta, cinqüenta, cem ou duzentos
anos. Mas é fato indiscutível que esse modelo que nós estamos assistindo está
se exaurindo. Nós temos uma democracia formal, sim, senhores. Mas, no campo
econômico, não temos democracia. Está muito longe de um processo democrático.
O Sr. Cláudio Sebenelo: Nem em Porto Alegre.
O SR. LAURO HAGEMANN: Vereador, eu não vou responder ao
aparte de V. Exa., estou falando em tese e isso vale para todo mundo.
Eu
não sei se o modelo de democracia que nós conhecemos, advindo do processo da
Revolução Francesa, vai predominar ou vai continuar predominando; o mundo,
certamente, encontrará um outro.
É
muito difícil que alguém tenha a veleidade de alvitrar alguma pretensão de
modelo democrático para o futuro; nós precisamo-nos preocupar com isso.
O
fato de o Sr. Prefeito ter dito aquilo que disse, parece-me, também, que
cometeu um deslize. Não precisava ter dito o que disse. O resultado é essa
discussão em torno de um objeto que não é o principal. Isso é o que esta Câmara
debateu esta tarde. Por favor, Srs. Vereadores, o Parlamento é uma instituição
muito séria, ainda. Ainda. E observem o advérbio. Não vamos começar a denegri-la
aqui. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Consulto as Lideranças, das diversas
bancadas, se foi consensuado, relativamente à Ordem do Dia, quais os Projetos
que faremos, preliminarmente, a apreciação? Esta Presidência designa trinta
segundos para que as Lideranças possam buscar uma proposta de acordo. E, não
havendo, nesse tempo, uma sinalização, nós ingressaremos, imediatamente, na
Ordem do Dia, de acordo com a ordem prevista na agenda. Enquanto as Lideranças
entram em consenso, eu solicito ao Sr. 2º Secretário que faça a verificação de
quórum para entrarmos na Ordem do Dia.
(O Sr. 2º Secretário procede à verificação de quórum para a Ordem do Dia.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, vamos suspender os
trabalhos para um acordo de Lideranças sobre a inversão da ordem dos processos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 16h30min.)
O SR. PRESIDENTE (às 16h31min): Estão reabertos os trabalhos. Passamos à
Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, vamos suspender novamente
os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 16h35min.)
O SR. PRESIDENTE (às 16h38min): Estão reabertos os trabalhos.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, as Lideranças produziram
a seguinte ordem de votação dos projetos: PLL nº 031/98, PR nº 011, PLE nº
015/98, PLL nº 060/97, PLL nº 067/97, PLL nº 196/97, PLL nº 011/98, PLE nº 007/98. Esse é o Requerimento de
inversão da ordem dos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de inversão da
ordem dos projetos para a votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 0889/98 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 031/98, de
autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Jorge
Gerdau Johannpeter.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto.
- da CECE. Relator Ver. Carlos Garcia: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto favorável de dois
terços dos membros da CMPA – art. 82, § 2º,
V, da LOM;
-
votação nominal nos
termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA;
- adiada a votação por uma Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal o PLL nº 031/98.
(Pausa.) (Após a chamada.) APROVADO
por 28 votos SIM.
Há
uma Declaração de Voto, que será lida pelo Sr. 1º Secretário.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Lê.)
“Declaramos que nunca deixamos de votar um título de cidadania por motivos ideológicos, porque respeitamos a pluralidade da sociedade e do Parlamento. Somente que quanto ao cidadão e líder do MST, João Pedro Stédile, o mesmo não foi considerado. Lamentaremos para sempre.
(aa)Vera. Maria do Rosário;
Ver. Juarez Pinheiro e
Vera. Maristela Maffei.”
PROC.
0808/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 011/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que concede o título
honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Dr. Luiz Fontanive Ferreira.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Ávila: pela aprovação do Projeto;
- da CECE.
Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto favorável de dois
terços dos membros da CMPA - art. 82, § 2º, V, da LOM;
- adiada a votação por uma Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PR nº 011/98. O Ver. Isaac
Ainhorn está com a palavra para encaminhar.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
segundo Projeto a ser votado, nesta tarde, é o de concessão do título
honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Dr. Luiz Fontanive Ferreira,
de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, advogado ilustre da Cidade de Porto Alegre
e administrador de empresas.
Esta
Casa aprovou, há pouco, o título ao Sr. Jorge Gerdau Johannpeter e revelou a
sua natureza plural de compromisso com a Cidade e com o Estado, e há outras
Lideranças trabalhadoras, sindicais, internacionais da maior expressão, que já
conquistaram esse título.
Trabalhadores,
aqui, já tiveram votações por unanimidade, o que revela a natureza plural desta
Casa, isto é, plural de respeito ao Poder Legislativo, aos poderes constituídos
da Cidade e não a uma atitude irresponsável denunciada pelo Ver. Fernando
Záchia da triste manifestação do Sr. Prefeito Municipal que desrespeitou este
Legislativo. E mais, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa, sim, a partir
de um Pedido de Renovação de Votação deste Vereador, impediu que se desse o
título ao Sr. João Pedro Stédile. E não poderia ter tido outra atitude. Agora
mesmo, o Sr. João Pedro Stédile tenta...
O SR. PRESIDENTE: Por favor, Ver. Isaac Ainhorn, a matéria
que está sendo encaminhada é o título de cidadania ao Dr. Luiz Fontanive
Ferreira. Eu peço a V. Exa. que, em cumprimento do Regimento, discuta
exatamente a matéria.
O SR. ISAAC AINHORN: Perfeitamente. Dizia eu, nobre Vereador,
que nesta Cidade se concede o título de Cidadão Emérito e de Cidadão de Porto
Alegre.
O
título de Cidadão Emérito é dado àquela pessoa que, nascida em Porto Alegre,
prestou relevantes serviços à cidade. E foi o caso dessa figura, desse
advogado, administrador de empresas, Dr. Luiz Fontanive Ferreira.
Este
cidadão prestou serviços a Porto Alegre. Agora, quando a Vera. Maria do Rosário
faz uma declaração de voto invocando que esta Casa não concedeu o título de
Cidadão Emérito ao Sr. João Pedro Stédile, o fez muito bem, graças a Deus que
teve a sensibilidade de não concedê-lo. Porque, a despeito e embora não tenha
conseguido, continua perturbando a Cidade de Porto Alegre e o Estado do Rio
Grande do Sul.
Agora
mesmo, recentemente, ele esteve dando opinião sobre o caso dos índices de
ocupação do solo na Cidade de Bagé, como se fosse o maior expert e o maior
profissional na área, quando técnicos já disseram que não são os índices
preconizados pelo INCRA, os de ocupação do solo rural na Cidade de Bagé e no
interior do Estado do Rio Grande do Sul.
Portanto,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, neste momento, encaminhamos favoravelmente ao
título de Cidadão Emérito ao Sr. Dr. Luiz Fontanive Ferreira, de autoria do
Ver. Reginaldo Pujol.
E
nos próximos dias, esta Casa estará prestando homenagens importantes, porque
isso também faz parte da sua história. Neste momento em que comemoramos o
aniversário desta Casa, estaremos outorgando um título ao Sr. Jorge Alberto
Mendes Ribeiro, jornalista, advogado, profissional da maior respeitabilidade,
bem como, ao eminente advogado Osvaldo de Lia Pires.
Portanto,
encaminhamos, nobre Presidente, favoravelmente à concessão do título ao Sr.
Luiz Fontanive Ferreira. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 16h54min.)
O SR. PRESIDENTE (às 16h55min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver.
Jocelin Azambuja está com a palavra para encaminhar.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
estamos oportunizando um título importante de cidadania, proposto pelo Ver.
Reginaldo Pujol ao Dr. Luiz Fontanive Ferreira, nascido em Porto Alegre,
bacharel em Administração de Empresas e também em Ciências Jurídicas e Sociais,
nosso colega na Pontifícia Universidade Católica. Tivemos a oportunidade de
conviver com ele por longo tempo, tempo em que vários dos professores do Curso
de Direito da PUC exerciam a magistratura do trabalho e foram, depois, assumir,
para orgulho nosso, a presidência do Tribunal Superior do Trabalho em Brasília.
O
Dr. Fontanive tem uma história muito bonita. Foi um homem que lutou muito, e
tem lutado, pelo engrandecimento da nossa Cidade. É um estudioso, colaborador
com diversas entidades filantrópicas, integrante da Associação Cristã de Moços,
homem que tem contribuído sobremaneira para o crescimento da nossa sociedade no
âmbito da educação, ocupando a 2ª vice-presidência da Federação Brasileira de
Associações Cristãs de Moços. Tem desenvolvido um trabalho magnífico para a
educação, trabalho esse de que tanto precisamos.
Parece-me
que o Plenário da Casa desviou um pouco o objetivo da votação desse título de
cidadania, e algumas bancadas não se fazem presentes neste momento. Isso nada
tem a ver com o proponente ou com o homenageado, a favor de quem a Casa tem
obrigação de votar. Eu vejo que a bancada do governo não se encontra presente
no Plenário, o que me causa surpresa, porque nós precisamos, para a votação
dessa matéria, de um quórum de vinte e dois Vereadores, e o ilustre homenageado
da proposição do Ver. Reginaldo Pujol, merece a presença dos trinta e três
Vereadores em Plenário.
Outras
discussões paralelas, que não têm nada a ver com a concessão dessa honraria que
a Cidade tem obrigação de dar, não podem ser misturadas, neste momento, numa
votação tão importante.
Apelo
à Vera. Maria do Rosário, Líder da Bancada do PT, que faça com que a sua
Bancada retorne ao Plenário para que as votações prossigam normalmente; também
ao Ver. Isaac Ainhorn, para que convide a sua Bancada a se fazer presente. O
PDT não está presente, nem o PT. A matéria é importantíssima, precisamos que
todos estejam presentes. É necessário que tenhamos a responsabilidade na
votação de uma honraria para um cidadão da envergadura do Dr. Fontanive, que merece
todo o nosso respeito, consideração e admiração pelo seu trabalho, pelo que tem
contribuído com a Cidade de Porto Alegre, pelo que tem contribuído com a nossa
Capital. E tem, nessa honraria de Cidadão Emérito que está sendo proposta pelo
Ver. Reginaldo Pujol, a consagração de todo um trabalho extremamente positivo.
Então,
parece fundamental que a Vera. Maria do Rosário, Líder da bancada do governo,
que deve exercer a sua Liderança de forma ampla perante a Bancada, convide a
sua Bancada a vir ao Plenário votar a matéria. A mesma coisa para Bancada do
PDT, do Ver. Isaac Ainhorn, que há pouco se manifestou aqui: que também a sua
Bancada compareça para a votação de matéria tão importante.
Congratulo-me
com o Ver. Reginaldo Pujol, porque nós, da Bancada do PTB, estaremos votando,
aqui, a matéria, porque consideramos muito honroso para todos nós concedermos
esse título ao Dr. Fontanive. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Vera. Maria do Rosário está com a palavra
para encaminhar pelo PT.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. presidente, Srs. Vereadores e
Vereadoras, nós queremos declarar ao Ver. Reginaldo Pujol, que propõe à Cidade
de Porto Alegre, à Câmara Municipal, um título de Cidadão de Porto Alegre ao
Sr. Luiz Fontanive Ferreira, que o Partido dos Trabalhadores, com toda certeza,
votará favoravelmente ao seu Projeto. Para nós, Srs. Vereadores, - e é isso o
que apresentamos, em uma Declaração de Voto, desta Vereadora, da Vera.
Maristela e do Ver. Juarez Pinheiro, no Projeto que votamos anteriormente - não
há que se fazer um debate ideológico em torno dos títulos de cidadania, porque
a Câmara Municipal de Porto Alegre é uma expressão plural, representa todos os
segmentos da sociedade e deve, aqui, sim - Por que não? - honrar e apresentar títulos
de cidadania e reconhecimento - porque é dessa forma que se faz - aos setores
empresariais da nossa Cidade.
De
outro lado, nós votaremos tranqüilamente a favor da proposição do Ver.
Reginaldo Pujol, mas temos uma dor conosco, uma perda. Ocorre que esta Casa,
capitaneada pelo Ver. Isaac Ainhorn, levada para caminhos que não considero
corretos, quando apresentamos um título de Cidadão Emérito para o Líder do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile, teve uma
leitura ideologizada e contrária aos segmentos culturais.
Aqui
desta tribuna se disseram inverdades acerca da participação social, do
compromisso com a sociedade, de João Pedro Stédile, que é um líder do movimento
rural e que, sinceramente, Srs. Vereadores, lidera um movimento nacional que
defende a reforma agrária, que defende os trabalhadores e que cada vez mais
torna a sociedade brasileira atenta para a importância de termos um programa
sério de reforma agrária, porque o campo sofre e a cidade sofre. São centenas
de pessoas que todos os meses, no desejo de um emprego virtual que uma possível
montadora que recebeu milhões de reais poderá oferecer, desembarcam na
rodoviária de Porto Alegre, expulsas do campo. Os pequenos produtores de hoje
que não encontram linha de financiamento de crédito são, sem dúvida, os futuros
trabalhadores sem-terra do amanhã.
Nós
apresentamos esse título de cidadania com coragem e com a certeza de que o
teríamos aprovado por uma Casa que é plural e, naquele momento, não tivemos a
compreensão, tivemos a cassação de um líder do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra, que é uma liderança no Brasil e no mundo inteiro. Não faremos
o mesmo, Srs. Vereadores, com outras lideranças. O PT respeita a democracia, o
PT respeita as posições divergentes, o PT respeita o parlamento, respeita a
sociedade, e não faremos o mesmo que alguns Vereadores, nominalmente o Ver.
Isaac Ainhorn, que esbraveja desta tribuna em nome da democracia e da
agricultura, que não entende que no projeto neoliberal não existe espaço para a
agricultura, não existe espaço para a produção primária, não existe espaço para
quem produz, e o homem do campo é expulso e amarga a miséria das grandes
cidades.
Portanto,
Srs. Vereadores, nós queremos tranqüilizar o Ver. Reginaldo Pujol e dizer que
nós teremos a grata satisfação de aprovar o Projeto que homenageia o Sr. Luiz
Fontanive Ferreira, que nasceu na Cidade de Porto Alegre, que é gaúcho. Temos
todos os motivos para confiar no Ver. Reginaldo Pujol e temos todos os motivos
do mundo para não colocar nenhuma censura ideológica sobre os títulos de
cidadania de Porto Alegre. Se não votarmos hoje, Srs. Vereadores, não é pela
ausência da Bancada do PT, como, desavisadamente, o Ver. Jocelin Azambuja, não
olhando para a sua própria Bancada, reclamou aqui do PT e do PDT. Permitam-me
dizer que estamos presentes na Casa, mas que a nossa atitude, neste momento, de
não votarmos esse Projeto, é somente um protesto que fazemos, com todo carinho
possível pelo Ver. Reginaldo Pujol e pelo Dr. Luiz Fontanive Ferreira, na
medida em que mais uma vez se ideologizou o que não deveria ser ideologizado.
Portanto, Srs. Vereadores e Ver. Reginaldo Pujol, contem com o nosso voto,
seguramente, para uma próxima sessão. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, eu só queria dizer que a
oradora fugiu totalmente do tema, mas, de outra forma, estamos vendo que a
Bancada do PT não se encontra presente, não há quórum neste momento.
O SR. PRESIDENTE: Vereador Jocelin Azambuja, nós fizemos um
acordo aqui, há algum tempo, de que nenhum Vereador seria interrompido na sua
oratória, a não ser pela própria Mesa, se a Mesa achasse que o orador estaria
transgredindo o Regimento. A Vera. Maria do Rosário, assim como outros
Vereadores, resolveu fundamentar o seu pronunciamento em outros momentos, em
votações de títulos de cidadania, por isso acreditamos que ela não precisava
ser interrompida. Mas a Questão de Ordem só não foi dada porque nós temos um
acordo em não interromper o Vereador na tribuna.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, o Ver. Jocelin Azambuja
insiste com uma técnica de Plenário que não é adequada e fere a ética deste
Parlamento. De seis Vereadores presentes neste Plenário, dois são do PT, um é
do Partido dele e de V. Exa.
Sr.
Presidente, ele vai-me tomar o microfone agora? Eu não entendo. Quem preside
esta Sessão? É V. Exa. ou o Ver. Jocelin Azambuja?
(Suspendem-se
os trabalhos às 17h08min.)
O SR. PRESIDENTE (às 17h09min): Estão reabertos os trabalhos.
Estamos
votando títulos de cidadania e precisamos de vinte e dois Vereadores em
Plenário. Não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 17h10min.)
* * * * *